
Entre os dias 19 e 20 de janeiro, os principais líderes políticos, empresariais e acadêmicos participaram da primeira Cúpula Global de Sustentabilidade, reunião anual organizada pela Ernst & Young e pela Secretaria Geral Iberoamericana, em colaboração com o Instituto para a Diversificação e Poupança de Energia (IDAE) e o governo da Espanha. Realizado em Madrid, o evento discutiu as principais questões econômicas enfrentadas atualmente pelas empresas em relação à sustentabilidade.
Em entrevista exclusiva para o Responsabilidade Social.com, Zunara Carvalho, sócia de consultoria com foco em sustentabilidade da Ernst & Young Terco, aponta os desafios para as empresas na área de sustentabilidade ambiental e destaca o papel das políticas sustentáveis dentro de uma crise econômica.
“Hoje, o tema sustentabilidade está na agenda dos executivos, dos conselhos dos grandes grupos e com objetivos definidos a serem atingidos em seus planos de metas. No Brasil temos uma legislação ambiental rígida e até complexa abrangendo várias instâncias de governo e que as empresas precisam cumprir”, avalia. A Ernst é líder global em serviços de auditoria, impostos, transações corporativas e consultoria. Somente no Brasil, a instituição soma mais 3,4 mil clientes.
1) Responsabilidade Social – A Ernst & Young realiza nos dias 19 e 20 deste mês, em Madri, a Cúpula Global de Sustentabilidade. Qual a principal proposta desse encontro e de que forma ele pode subsidiar as discussões da Rio + 20, que acontece no Brasil, em junho deste ano ?
Zunara Carvalho – A cúpula deu ênfase ao investimento e compromisso que as empresas estão assumindo para apoiar projetos sustentáveis ao redor do mundo. O objetivo é impulsar um modelo de desenvolvimento que permita conciliar as necessidades de crescimento e a preservação dos recursos naturais baseado numa economia de baixo carbono que será o tema central da Rio+20.
2) RS – Entre os principais pontos a serem discutidos estão as questões econômicas enfrentadas atualmente pelas empresas em relação à sustentabilidade. Em sua opinião, como a iniciativa privada tem incorporado essa temática? É possível afirmar que as empresas mantêm hoje políticas socioambientais consistentes ou trata-se apenas de um modismo?
ZC – Definitivamente não se trata de modismo. Hoje, o tema sustentabilidade está na agenda dos executivos, dos conselhos dos grandes grupos e com objetivos definidos a serem atingidos em seus planos de metas. Fontes de financiamento subsidiam projetos que atendam a requerimentos socioambientais. No Brasil temos uma legislação ambiental rígida e até complexa abrangendo várias instâncias de governo e que as empresas precisam cumprir.
Em alguns setores altos investimentos são feitos em planos de emergências, desenvolvimento de comunidades e termos de ajuste de conduta. A comunidade empresarial já entende, através de setores de referência, e vem evoluindo na geração e manutenção não só de suas políticas ambientais mas também de seus sistemas de gestão. No âmbito social hoje as empresas querem ouvir seus funcionários, fornecedores e clientes para melhorarem e se diferenciarem num mercado tão competitivo, é o que chamamos de engajamento.
3) RS – Quais os maiores desafios para as empresas na área de sustentabilidade ambiental e responsabilidade social para os próximos anos e como essa agenda avançará em países em desenvolvimento como o Brasil?
ZC – O maior desafio é gerir o excesso de recursos e materiais pós-consumo desperdiçados que comprometem o meio ambiente e o bem estar da sociedade. Por gerir devemos entender uma atuação, por parte das empresas, desde a promoção do consumo consciente, passando pelo planejamento até a produção desses bens de consumo propriamente dita.
No caso do Brasil, as indústrias são os principais atores para a transformação do consumo aliado à existência de políticas públicas e campanhas de conscientização e programas de educação ambiental. Em relação à responsabilidade social, avançaremos somente por meio de incentivos para gerar mudanças sociais positivas através de modelos de governança corporativa e transparência em relação ao desempenho das empresas, considerando, principalmente, economias emergentes.
4) RS – Em sua opinião, qual o papel das políticas sustentáveis dentro de uma crise econômica?
ZC – Diminuir o risco do lucro a qualquer preço e promover discussões que viabilizem investimentos em economias mais seguras, mais limpas e mais inclusivas.
5) RS – A senhora poderia destacar a importância da economia verde para impulsionar o desenvolvimento econômico e social de um país?
ZC – A economia de baixo carbono impulsionará o desenvolvimento econômico e social porque traz com ela o fator “inovação”, ou seja, como fazer diferente. Trata-se de um horizonte repleto de desafios através de pesquisas e aplicação de tecnologias limpas, diversificação de fontes de energia, educação ambiental, consumo consciente e geração de empregos.
6) RS – Qual o seu entendimento do termo “responsabilidade social”?
ZC – Para mim responsabilidade social é o compromisso de gerar bem estar para a sociedade através da ética nas relações humanas seja na sua comunidade, na sua família ou no âmbito dos negócios. Gosto de citar um dos “valores” da Ernst & Young que expressa exatamente o quero dizer: “… pessoas que constroem sólidas relações sempre fazendo a coisa certa”.
Ernst & Young Terco – Telefone: (61) 2104-0100
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