Virgílio Gomes, psicólogo do Hospital Adventista Silvestre (HAS), instalado em Cosme Velho, no Rio de Janeiro, destaca na entrevista exclusiva concedida ao Responsabilidade Social.com, como as ações sociais da instituição evoluíram nos últimos anos, passando de uma visão filantrópica para um programa mais consistente.
Recentemente o HAS criou um departamento específico para essa área com seis linhas de ação, que envolvem programas para estimular o voluntariado, bem como projetos socioambientais. Ao todo são 13 iniciativas em curso, num aporte que alcançou a marca de R$ 11 milhões no ano passado. Acompanhe.
1) Responsabilidade Social – Qual a principal motivação para a criação do programa de responsabilidade social do Hospital Adventista Silvestre (HAS)?
Virgílio Gomes – Atualizar seus serviços a partir da atual filosofia das empresas de desempenharem um papel mais proativo pela sociedade, reafirmando e ampliando suas responsabilidades com temas sociais, tais como saúde, cidadania, educação, ética, ecologia, sustentabilidade, entre outros.
2) RS – Como o senhor avalia a ampliação das ações, passando da uma visão de filantropia para um programa com mais envergadura?
VG – O modelo anteriormente praticado tinha um viés mais assistencialista, ou seja, grande parte dos recursos era utilizada para atendimento de pessoas que já estavam com problemas de saúde, que nessa situação procuravam o HAS para solucionarem algum tipo de problema: uma cirurgia, um exame ou uma consulta, por exemplo. Tanto que o setor se chamava Assistência Social.
Atualmente foram agregados novos objetivos e metas, a partir das novas diretrizes. O programa foi ampliado, e a maior parte do recurso disponibilizado está voltada para a prevenção e orientação em saúde. Daí a importância dos novos projetos e ações sociais.
3) RS – Quais as principais metas do programa para este ano?
VG – Criamos um Centro de Voluntariado (CVAS) e por meio dele queremos mobilizar várias iniciativas nas diversas regiões do Estado do Rio de janeiro. Cada pessoa, empresa, associação ou entidade poderá se inscrever em nosso centro, ou formar um comitê de voluntários voltado para o atendimento comunitário de saúde, e uma vez dentro dos parâmetros do departamento de responsabilidade social do hospital serão apoiados.
Para exemplificar podemos citar uma iniciativa realizada por um grupo vinculado a uma igreja de Guadalupe. A equipe adotou uma comunidade carente e por meio de uma equipe de multiprofissional acompanha regularmente idosos, mulheres, diabéticos, hipertensos e crianças desnutridas. Os profissionais estão habilitados a consultar, coletar exames, verificar a pressão arterial, entre outras atividades.
Nós estamos registrando o grupo em nosso departamento, e a partir daí vamos apoiar a realização de exames, a doação de fitas para controle da diabetes, treinamento, etc. Além desses, temos outros programas promovidos pelo nosso departamento que contará com a participação dos voluntários. Os interessados podem obter mais informações no site http://www.queroservoluntario.com.br.
4) RS – Como a instituição trabalhará para alcançar os objetivos propostos?
VG — Contamos com os voluntários e também temos alguns parceiros como prefeituras, empresas, entidades de classe, igrejas, escolas que apóiam as nossas iniciativas.
5) RS – Quais os resultados que já podem ser apresentados?
VG – Somente até setembro do ano passado, já tínhamos realizados cerca de 30 mil atendimentos. A proposta é dobrar esse número em 2011.
6) RS – O setor da saúde, por princípio, deve ser norteado por diretrizes de responsabilidade social. Na sua opinião isso ocorre na prática no Brasil?
RS – Infelizmente existe muito atraso no que diz respeito à atenção a saúde. Algumas iniciativas são interessantes e mais efetivas, como, por exemplo, o trabalho do Programa Saúde da Família (PSF), desenvolvido pelo governo federal. Infelizmente os hospitais e postos de atendimento ainda estão longe de corresponderem às expectativas e necessidades da população. Entendo que, se outros hospitais particulares decidirem, como o HAS, se envolverem nessa tarefa as coisas certamente melhorarão.
7) RS – Na sua avaliação, como a área da saúde adotou a prática da responsabilidade social?
RS – A sociedade funciona como um todo. Os grandes desequilíbrios no final atingem a todos e creio que na área da saúde ocorre a mesma coisa. As instituições de saúde também sofrem com o sucateamento, a superpopulação de doentes e os altos custos. Não dá para se ficar passivo diante de problemas sociais tão graves. A saúde tem que assumir seu papel nesse contexto, inclusive no que diz respeito às metas do milênio. Acho que essa inserção ainda está muito tímida.
Hospital Adventista Silvestre – Telefone: (21) 3034-3000
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