
Bruno Nóbrega, diretor-executivo da ONG Gente Nova
Bruno Nóbrega está a frente de uma das mais bem organizadas ONGs de protagonismo juvenil no Brasil. A Gente Nova está presente em diversos países e atua em solo brasileiro desde 1999. Com sede em Brasília, a organização quer ampliar seus trabalhos em 2005 para alcançar o apoio governamental a ações que aproveitem o potencial dos jovens. Conheça a história de sucesso da Gente Nova na entrevista a seguir:
1) Responsabilidade Social – Como nasceu a Organização Não-Governamental Gente Nova no Brasil? E em Brasília?
Bruno Nóbrega – Nasceu primeiro no México, em 1984. Depois cresceu em outros países como Espanha, Chile, Argentina, Venezuela e França, entre outros. No Brasil, nasceu em Brasília em 1999, com a campanha 1km de Brinquedos. Éramos um grupo de cinco pessoas que tínhamos um ideal de fazer algo maior pela sociedade do que apenas arrecadar alguns poucos brinquedos e ajudar a uma instituição. Queríamos fazer campanhas que envolvessem toda a sociedade e juntar diversos jovens na luta por um mundo mais justo e humano. O evento foi um sucesso e a partir daí diversas pessoas começaram a se engajar no projeto que foi crescendo e que hoje faz mais de 10 grandes eventos por ano. Além disso, temos uma filial em São Paulo e planos para crescer para outras cidades do Brasil.
2) Responsabilidade Social – Quais são os objetivos da Gente Nova em nosso país?
BN – A nossa missão é: apoiar a sociedade, e principalmente o jovem, a conhecer todo o seu potencial e colocá-lo a serviço dos mais necessitados. Dentro desta missão, temos um grande foco no incentivo ao trabalho voluntário, pois este é fundamental para o desenvolvimento do país. No entanto, ninguém dá o que não tem, de forma que acreditamos que para que as pessoas se coloquem realmente a serviço dos mais necessitados, elas precisam desenvolver os dons que têm. Por isso, a promoção dos valores humanos, morais e espirituais é fundamental para o que o nosso trabalho tenha o efeito desejado.
3) Responsabilidade Social – Quais são as principais ações da Gente Nova?
BN – Trabalhamos com três pilares básicos:
FAZER – Ação Social – Através dos projetos de ação social, buscamos colocar em prática tudo o que acreditamos. Os projetos Km de Brinquedos, o Km de agasalhos e o Tonelada de Alimentos são campanhas de mobilização social e de arrecadação maciça, envolvendo diversos meios de comunicação e a sociedade. Seguir Sonhando (Idosos), o Sonhando Acordado (crianças), já são campanhas que envolvem os voluntários em um trabalho direto com carentes possibilitando que os mesmos realizem um dia de sonho. Por fim, temos o Em Ação, que é um programa semanal que leva o voluntário a ter um envolvimento mais constante com as pessoas que ele ajuda. Atualmente contamos com o Projeto da Sopa, que distribui duas vezes por semana almoço para mais de 200 famílias do lixão.
TRANSFORMAR – Cultura – São projetos voltados para a formação humana, social e transcendente dos jovens. O Congresso Gente Nova é um evento para 1,2 mil jovens onde trazemos palestrantes de nível nacional e internacional para compartilharem sua experiência na promoção de valores e no trabalho voluntário com os jovens. O Fórum Universitário é um mini-congresso levado para dentro das universidades, dando oportunidade para que mais jovens possam receber a formação adequada para seu crescimento pessoal e profissional. O Congrescolas é semelhante ao Fórum Universitário, mas realizado em escolas do ensino médio, no qual as palestras são proferidas por estudantes universitários que compartilham suas experiências e valores com os futuros universitários.
INFLUIR – Meios de Comunicação – Projetos que visam promover valores, debater temas importantes, difundir idéias e criar uma corrente positiva de pensamento em favor de uma sociedade mais justa e solidária. Em São Paulo, temos a Gazeta Universitária, que é um jornal voltado para o meio universitário e estamos desenvolvendo alguns novos projetos que serão lançados no decorrer de 2005.
4) Responsabilidade Social – Qual o número de voluntários do grupo? Como é feito o trabalho para arregimentar novos voluntários?
BN – São 60 voluntários que ajudam semanalmente na organização dos projetos e mais de 3.000 que participam das diversas atividades que organizamos durante o ano.
5) Responsabilidade Social – Qual é o perfil dos voluntários da Gente Nova?
BN – Jovens universitários com faixa etária entre 18 e 28 anos, preocupados com o engajamento social e dispostos a trabalhar para melhorar o mundo em que vivemos.
6) Responsabilidade Social – Como o senhor avalia o trabalho em protagonismo juvenil em nosso país? Falta atenção aos jovens brasileiros?
BN – O jovem brasileiro ainda se envolve muito pouco em grandes projetos sociais. Acredito que isso ocorra por falta de incentivo por parte do governo (muitos países têm leis de incentivo ao trabalho voluntário, alguns transformando este trabalho em matéria optativa e até obrigatória nas universidades), mas também porque as instituições que trabalham com voluntários não estão preparadas para atender às expectativas dos jovens. Muitas vezes é chato ser voluntário e isso não precisa ser assim. Temos que conciliar a necessidade da instituição com os objetivos e interesses do voluntário, para que este se transforme em um trabalho duradouro.
Quanto à atenção dada aos jovens brasileiros, acho que ainda é pequena, embora tenha aumentado muito nos últimos anos. Na verdade, o Brasil é um país onde o jovem não gosta de se envolver com política e isto dificulta um pouco esta atenção, já que ela tem que ser dada pelo governo, que por natureza é algo político. Claro que ela pode ser apartidária, mas como isso nem sempre acontece, as pessoas acabam taxando muitas outras de tentativa como algo político e não se envolvem. Recentemente, estivemos no Fórum Mundial da Cultura representando o Brasil e o Gente Nova e, infelizmente, só havia mais alguns poucos brasileiros lá e todos eram ligados a partidos políticos. O governo deve incentivar as ONGs que trabalham com jovens, pois aí temos visto muitas idéias novas, completamente desapegadas de ideais políticos e que têm mudado a vida de muitos jovens, principalmente nas classes mais baixas.
7) Responsabilidade Social – Que novas políticas podem ser adotadas para aproveitar melhor o grande potencial da juventude?
BN – Utilizar o esporte como meio de promoção social, especialmente em um país como o Brasil, onde as pessoas são esportistas por natureza, acredito ser de extrema importância. Também acredito que leis de incentivo ao trabalho voluntário, principalmente nas universidades e colégios de ensino médio, são fundamentais para que estes jovens conheçam a realidade de nosso país e realmente se comprometam na mudança deste panorama na sua área de atuação e com seus dons.
8) Responsabilidade Social – Qual a contribuição que a ONG Gente Nova recebe por parte das iniciativas governamental e privada?
BN – Até 2004, buscamos o apoio governamental, apenas nas questões de liberação de local e burocracia para os eventos. A partir de 2005, queremos trabalhar mais ativamente em projetos em parceria com os diferentes governos de forma a potencializar ainda mais nossas atividades. Desta forma até hoje, fomos totalmente financiados pela iniciativa privada, por empresas comprometidas com as causas sociais e com a promoção dos valores que buscam vincular a sua marca com a de nossa organização. Empresas como a Vivo (através do Instituto Vivo), as Organizações PaulOOctávio, a Bancorbrás, o Sebrae Nacional, a Gráfica Coronário, a Transamérica, o Jornal do Brasil, entre outras empresas tornaram possível a nossa existência e todos os nossos projetos.
9) Responsabilidade Social – Qual foi a repercussão e o saldo final do último encontro mundial da Gente Nova, realizado em Brasília, no final de 2004?
BN – Foi realmente algo fantástico. Tivemos um feedback impressionante de nossos patrocinadores e principalmente dos palestrantes que ficaram realmente impressionados não só com o profissionalismo do evento, mas acima de tudo com o carinho e com a atenção que os jovens participantes colocaram em suas palestras. Alguns palestrantes demoraram cerca de uma hora para conseguir sair do auditório, tamanho o assédio dos jovens em querer falar pessoalmente com eles. Houve, inclusive, o caso de um palestrante que teve sua caixa de e-mail completamente lotada durante uma semana após o congresso, com agradecimentos e testemunhos dos jovens participantes. Nós também recebemos diversos e-mails que realmente nos renovam e nos dão a certeza de estarmos fazendo a coisa certa. É muito gratificante fazer um evento como este e ver que as pessoas realmente receberam a mensagem que quisemos passar. Ao todo, foram mais de 1.100 jovens que estiveram presentes no congresso e esperamos que neste ano esse número aumente ainda mais.
10) Responsabilidade Social – Quais são os objetivos da ONG Gente Nova para o ano de 2005?
BN – Crescer, Crescer e Crescer. Cada dia mais, vemos que os jovens querem ajudar a melhorar o mundo e queremos que o Gente Nova seja o lugar escolhido pelos jovens para isso. Desta forma, estamos profissionalizando ainda mais a nossa administração, contratando mais pessoas para que possamos envolver ainda mais jovens em nossas atividades e ajudar a melhorar ainda mais a nossa sociedade. Estamos mudando nossa sede para um espaço maior e mais central de forma a abrigar mais pessoas. Ainda há muito por fazer e queremos começar a fazer logo. Em termos de projetos, além dos que já executamos, estamos desenvolvendo um projeto relacionado com esporte e queremos incrementar as atividades do Em Ação de forma a envolver um maior número de voluntários. Também temos planos na área de publicações a fim de desenvolver um veículo de comunicação com os nossos voluntários e patrocinadores. Além disso, aumentaremos nossas atividades em São Paulo e planos de estabelecer, até o meio do ano, uma filial no Rio de Janeiro.
ONG Gente Nova – E-mail: voluntarios@gentenova.com (SHS QD 6 CONJ “A” BLOCO “F” LOJA 04 – BRASÍLIA –DF)
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