Segundo a Constituição Federal Brasileira de 1988, a educação é um “direito de todos e dever do Estado e da família”. Nesse sentido, o ato de levar conhecimento deve englobar todos os indivíduos, incluindo pessoas com deficiência (PCDs), transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades (“superdotados”).
Fato é que, no Brasil, a chamada educação inclusiva ainda é uma realidade muito distante daquilo que prega a nossa constituição. Isso porque envolve um trabalho conjunto entre escola, professores e família – cuja responsabilidade vai muito além do preparo diário da mochila e lancheira dos filhos.
Ter essa noção, porém, é o primeiro passo para que haja uma conscientização quanto à importância da educação inclusiva no país. Sendo assim, hoje vamos abordar os principais desafios e soluções para melhorar esse cenário e, principalmente, oferecer alguns caminhos em prol desse objetivo.
Educação inclusiva: entendendo o conceito
Em primeiro lugar, é importante distinguir a educação especial da educação inclusiva. A primeira diz respeito à uma abordagem que visa o desenvolvimento de habilidades de pessoas com alguma dificuldade no que tange ao aprendizado ou a algum tipo de deficiência (seja ela física ou intelectual).
A educação especial visa auxiliar os indivíduos que têm algum tipo de necessidade particular para o seu aprendizado. Já a educação inclusiva pode ser entendida como um conceito mais amplo, já que aborda, simultaneamente, tanto o lado educativo quanto o social.
Em outras palavras, a educação inclusiva abrange não apenas o trabalho com crianças e adolescentes que tenham algum tipo de necessidade especial, mas toda a comunidade ao seu redor. O objetivo, portanto, é possibilitar a convivência harmônica entre todos e combater qualquer tipo de discriminação.
Esse modelo de ensino é algo relativamente novo, mas já vem sendo compreendido como fundamental tanto para as escolas quanto para os professores, como revelou um estudo conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2018.
Para 58,4% dos educadores de ensino fundamental participantes da pesquisa, uma das principais necessidades para a formação dos professores é entender como incluir PcDs na sala de aula. Tudo isso de maneira ampla e democrática, sem excluir ninguém.
Quais os principais desafios enfrentados?
Um dos principais desafios para uma educação mais inclusiva é a falta de conhecimento sobre o assunto, até porque não existe nenhum tipo de formação específica para essa área. Cabe aos mestres e instituições de ensino buscar conhecimento, até mesmo através de programas do Ministério da Educação (MEC).
Outro ponto que não pode ser esquecido é o preconceito. Infelizmente, ainda existe uma grande parcela da população que trata PcDs como pessoas inválidas ou sem capacidade de aprender algo. Essa ideia é altamente discriminatória e só ajuda a marginalizar ainda mais esse público.
Ao mesmo tempo, há também a falta de estrutura no ambiente escolar, seja com materiais adaptados, seja com espaços adaptados. Vale lembrar que a relação entre escola e pais também pode dificultar o processo de educação inclusiva, caso um dos lados (ou ambos) não busque um envolvimento maior com esse processo.
Como melhorar a inclusão nas escolas?
Frente ao preconceito, o melhor remédio é sempre o conhecimento. Esse talvez seja o ponto de partida para garantir a inclusão de pessoas com autismo, altas habilidades e PcDs em todos os ambientes, a começar pela escola.
Em seguida, é preciso que as instituições estabeleçam políticas voltadas para uma educação mais inclusiva, o que vem desde ações governamentais, como a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI), até a formação de professores pelas próprias redes de ensino.
O trabalho dos educadores é fundamental para que a educação inclusiva seja implantada nas escolas, o que exige empenho e qualificação. A infraestrutura adequada às necessidades dos alunos é indispensável, indo desde uma rampa de acesso para cadeirantes até materiais em braile, por exemplo.
A parceria entre ambiente escolar e familiar também pode ter um impacto positivo na educação inclusiva, uma vez que ambas as instituições têm forte influência no desenvolvimento de crianças e adolescentes em fase de aprendizado.
Por fim, podemos citar também o uso de novas tecnologias, a exemplo dos diferentes tipos de mídias existentes, que facilitam a interação entre os alunos e promovem o compartilhamento de conhecimento de forma mais ampla.
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