
O jornalista Vladimir Herzog nasceu em Osijek na Croácia e chegou ao Brasil aos nove anos de idade. Brasileiro naturalizado, filho de Zigmundo e Zora Herzog, casado com Clarice Herzog, pai, professor da USP, teatrólogo e jornalista, Vlado, como era chamado pelos amigos, era um homem íntegro e um profissional competente, muito ligado às manifestações culturais.
Começou a carreira de jornalista em 1959 e trabalhou em diversas redações de jornais. Em 1971 elaborou uma extensa reportagem de capa para a revista sobre os problemas das TVs educativas no Brasil. Em 1973 passou a trabalhar como secretário do jornal Hora da Notícia na TV Cultura e em seguida assumiu o cargo de diretor do departamento de telejornalismo. Nesta função começou a colocar em prática seu conceito de responsabilidade social do jornalismo.
Defendia que a TV Cultura tivesse um jornalismo profissional que não fosse servil ao estado e que mais do que educativo ou cultural, fosse público. Para Herzog, o jornalismo não deveria propor um monólogo, mas um diálogo com a sociedade, que superasse todo tipo de paternalismo e incorporasse os problemas, esperanças, tristezas e angústias das pessoas às quais se dirige.
Em 1975, enquanto buscava implementar suas idéias de um jornalismo público, Vladimir Herzog foi chamado para depor no prédio do DOI-CODI, na rua Tutóia, para prestar esclarecimentos sobre o seu envolvimento com o Partido Comunista Brasileiro. No DOI-CODI, foi brutalmente torturado sob o comando do capitão Ramiro e terminou assassinado quando se recusou a assinar o depoimento, aos 38 anos. Seu corpo foi arrastado até uma cela e pendurado numa grade simulando suicídio.
O assassinato de Herzog transformou-se em escândalo nacional e foi decisivo para o movimento que levou à abertura política no Brasil. No velório havia a presença de policiais à paisana. O enterro foi no dia vinte e sete de outubro de 1975, de acordo com o ritual da religião judaica. O rabino Henry Sobel, não colaborou com a versão do governo e decidiu que Vlado não seria enterrado como suicida.
Depois do episódio da morte de Vladimir, o governo brasileiro tomou iniciativas e tentou controlar aquela situação, que violava a dignidade e os direitos humanos. Houve uma revolta por parte dos jornalistas, que começaram a se mobilizar, cada um à sua maneira, e contestar o sistema ditatorial que assassinava e reprimia. Uma facção da sociedade também começava a dar sinais da sua insatisfação com as arbitrariedades do regime militar. O sindicato dos jornalistas, em São Paulo, teve um papel muito importante nesse momento. Mostrou coragem em uma época em que o medo dominava o país.
Finalmente, em 1978, a justiça admitiu que a União foi culpada pela morte do jornalista. O governo resolveu em 1987, nove anos mais tarde, que seria pago uma indenização à família de Herzog, a qual só seria recebida durante o governo FHC. Hoje, Vladimir é tido como símbolo de luta pela democracia no Brasil.
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