Escola Brasil: Tesouro ameaçado

Saiu do ar um dos mais famosos programas de educação no Brasil: o programa Escola Brasil. O motivo, de acordo com o Fundescola – seu patrocinador desde o início – foi falta de verbas. A nova equipe que assumiu a administração do órgão em outubro do ano passado, que é ligado ao Ministério da Educação, cortou o orçamento de muitas ações, entre elas, o Escola Brasil. O corte ocorreu ainda em dezembro de 2002 e, graças à intervenção e apoio da Unesco, o programa conseguiu ficar no ar por mais três meses.

A última transmissão ocorreu em 28 de fevereiro de 2003, deixando mais de 1,2 mil cidades do interior do país órfãs do programa que levava, todos os dias, por meia hora, informações diversas sobre educação, saúde, meio-ambiente, e muitos outros assuntos. O canal também se dedicava às mais diversas denúncias dos ouvintes: da falta de transporte escolar às queixas de maus tratos de alunos. Tais notícias chegavam à produção por meio de cartas, que, estimuladas pelas promoções, alcançavam uma média de 700 por mês (desde o início, o programa recebeu mais de 41 mil cartas).

“É muito triste ver esse projeto acabar, pois sabemos que o nosso trabalho fazia toda a diferença para as pessoas que moram em localidades brasileiras onde o único meio de comunicação é o rádio”, diz Airton Medeiros, coordenador do projeto Escola Brasil.

Toda a equipe de jornalismo que se dedicava ao programa teve de ser demitida. “Eram profissionais extremamente competentes e que se apaixonaram pelo assunto, deixando de lado muitas atividades pessoais para se dedicar ao projeto”, lamenta Airton. Agora, a grande batalha é conseguir novos patrocínios para retomar a transmissão. “Estamos desesperados atrás de apoio”, fala o coordenador. Segundo ele, o projeto tem um custo mensal de R$ 76 mil – valor esse que é irrisório perto do alcance e efeito do programa. “Já estamos negociando com algumas instituições, mas ainda não temos nada consistente”.

Desde 1997, esse programa vem atuando como um importante porta-voz das comunidades da zona rural, cidades do interior do Brasil e periferias das grandes capitais, na luta pela garantia constitucional do direito à educação. O projeto tornou-se uma Organização Não-Governamental em janeiro de 2002, com o objetivo de dar sustentabilidade ao programa e ampliar suas ações já desenvolvidas.

É um programa que entrava no ar há mais de cinco anos, buscando a melhoria do ensino fundamental, da educação infantil, da defesa do meio-ambiente e da promoção de saúde, ampliando sua abrangência através do aumento de retransmissoras parceiras nas regiões mais carentes do país. Além disso, o programa sempre primava por divulgar o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e outras leis que garantam os direitos das crianças, adolescentes e populações de baixa renda.

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