Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a falta de acesso à atenção primária — o primeiro contato de um paciente com o serviço de saúde — é uma das principais ameaças à saúde global. Isso implica diretamente na atuação de profissionais como os médicos da família e comunidade.
Essa especialidade médica aqui no Brasil pode ser considerada uma das mais importantes para que as pessoas tenham acesso ao nosso sistema de saúde, seja ele público (o Sistema Único de Saúde, SUS) ou privado, além de ser a residência que mais cresceu nos últimos dez anos
Contudo, é importante frisar que, mais do que conhecimento prático, um médico da família deve ter algumas características próprias, especialmente porque deve lidar com essas pessoas de uma maneira mais ampla, considerando a realidade e o contexto nos quais elas estão inseridas.
Conhecendo melhor essa especialidade médica
O médico de família e comunidade é um profissional graduado em medicina que tem como especialidade a área em questão. Apesar de parecer um tanto quanto óbvio, é preciso afirmar isso porque muitas pessoas tendem a achar que tal especialista é um generalista, sem uma formação específica, o que não é o caso.
O papel desse profissional é atender todo e qualquer paciente, independentemente de idade, gênero ou doenças, incluindo cuidados paliativos, considerando as relações com o ambiente onde trabalha e vive, bem como com quem se relaciona. Caso seja necessário, ele poderá encaminhar o paciente para outros especialistas.
A grande maioria dos médicos de família e comunidade presentes no nosso país atuam para o Programa de Saúde da Família do governo federal, atualmente denominado como Estratégia de Saúde da Família. Por isso, eles costumam trabalhar nos postos de saúde das prefeituras Brasil afora.
Os dados da Demografia Médica no Brasil de 2020 apontam que essa foi a especialidade médica que registrou maior aumento no número total de residentes na última década, saltando de 181 vagas no ano de 2010 para 1.031 em 2019, o equivalente a cinco vezes mais que o aumento médio em todas as demais residências.
O perfil de um médico de família e comunidade
Além da formação acadêmica própria, que abrange a graduação em medicina e a residência na área, um profissional que deseja atuar como médico de família e comunidade precisa ter um perfil que inclua características como empatia, escuta ativa e disposição para ajudar e trabalhar em equipe.
Isso porque o atendimento desse médico deve ser feito de maneira integral, observando não apenas a doença ou o sintoma em si, mas o paciente como um todo, considerando os diversos aspectos que envolvem a vida dessa pessoa — social, biológico, familiar, psicológico, econômico etc.
Além de estabelecer uma relação de confiança, esse tipo de médico costuma fazer um acompanhamento ao longo de toda a vida de um paciente, tendo um maior conhecimento sobre alergias, riscos, predisposição a doenças específicas, bem como as particularidades próprias de cada pessoa.
Sendo assim, o profissional deve estar disposto a acolher o paciente de maneira positiva, sem jamais minimizar as dores ou os desconfortos sentidos, mas buscando oferecer alternativas que vão desde o uso de medicamentos até a mudança de hábitos de vida, por exemplo.
Importância da profissão
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 85% das queixas prestadas por pacientes podem ser resolvidas por meio da assistência de um médico de família e comunidade, sendo que as demais devem ser encaminhadas às outras especialidades médicas.
Esse dado mostra o quão importante é essa área médica, principalmente porque, além de filtrar de maneira eficaz e eficiente os casos mais ou menos complexos, ainda atua na atenção primária, ajudando de sobremaneira populações mais pobres e em condição de vulnerabilidade social.
Não à toa, essa é considerada a única especialidade médica com concentrações equivalentes de profissionais nas regiões Norte e Nordeste com as regiões Sul e Sudeste.
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