
Eduardo Duarte (D) e Adalberto Trigueiro (E), o primeiro faixa preta surdo do Estado
Há sete anos, o professor Eduardo Duarte conduz o projeto Valorizando as Diferenças (AVD). O escopo da iniciativa é proporcionar acessibilidade e inclusão social para jovens com deficiência por meio do esporte. O pano de fundo para essa intervenção social são aulas de judô. Participam jovens com deficiências auditivas e visuais e com síndrome de down.
“O esporte é a maior ferramenta de integração social, pois nele não há raça, etnia ou crença. A prática esportiva aumenta a autonomia, trabalha o medo e a ansiedade, além de ensinar a perder e ganhar”, resume Duarte especializado no ensino da luta para pessoas com necessidades especiais.
Segundo ele, o AVD iniciou os trabalhos de forma inversa: o objetivo inicial era atender somente surdos, “mas como não se pode excluir, começamos a aceitar os regulares e depois pessoas com outras deficiências”.
As aulas são realizadas em Botafogo, na Ilha do Governador e na Rocinha, no Rio de Janeiro, e beneficiam, principalmente, jovens de baixa renda matriculados no ensino público. Desde a criação do projeto, cerca de 2,5 mil pessoas já foram beneficiadas. Hoje 260 jovens estão matriculados. Para participar é preciso ter mais de seis anos de idade.
O projeto conta com três professores, sendo dois regulares (ouvintes) e um surdo. Trata-se de Adalberto Trigueiro, primeiro faixa preta surdo do Estado. Segundo Eduardo Duarte, a iniciativa nunca teve patrocinador regular ao longo destes sete anos. “A falta de patrocinadores faz com que muitos dos nossos jovens deixem de competir. Em média temos duas competições por mês, fora as viagens”, conta.
Também segundo ele, o patrocínio também é fundamental para a filiação do projeto na Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ), que cobra taxas altíssimas, em especial a de filiação para agremiação e de atletas. Os recursos possibilitarão, também, uma melhor estruturação dos núcleos da Rocinha, Ilha e Jacarezinho, e a implantação de novos centros que ainda não saíram do papel, como a unidades previstas para a Niterói e Manguinhos.
Mas vale destacar, que a iniciativa conta com apoios pontuais. Exemplo foi o patrocínio do governo do Estado do Rio de Janeiro, em 2009, que viabilizou a ida de sete atletas para o Surdolímpico de Judô (Deaflympics), realizado em Taipei, Taiwan. Os atletas brasileiros, todos do projeto, conquistaram boas colocações. O judoca Alexandre Soares conquistou a inédita medalha de bronze para o Brasil, sendo a única do Desporto de Surdos do país.
“Este ano vamos participar do Pan Americano de Surdos em Minas Gerais e para o ano de 2012 esperamos obter apoio para participar do Mundial de Lutas de Surdos que será na Venezuela”, planeja. Em 2013, o Surdo-Olímpico acontecerá na Grécia. “Falta ainda um olhar mais especial por parte dos governos e instituições privadas quanto ao apoio a projetos que promovam não só a inclusão, mas também a formação, detecção de talento e manutenção do alto rendimento”, avalia.
No ano passado, o Ministério do Esporte reconheceu a modalidade Surdo-Olímpico. Eduardo Duarte espera que com isso sejam direcionados recursos para a Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS), para que esta direcione investimentos para as federações. “Isso permitirá a promoção verdadeiramente do desporto de surdos no país”, conclui.
Valorizando as Diferenças e Projeto AVD
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