Medidas com impacto ambientais e sociais marcam a gestão de redes varejistas no país
Grandes redes do setor varejista com atuação no Brasil têm apostado cada vez mais em gestões que privilegiam a proteção ao meio ambiente e que contribuam para a melhoria da qualidade de vida de comunidades de baixa renda. As ações são diversas. Englobam a redução do uso de recursos naturais, incentivo ao consumo consciente, apoio a cooperativas de reciclagem e restrições comerciais a fornecedores que utilizem de condições degradantes de trabalho e que desmatam a Amazônia.
Exemplo é o Wal-Mart que, em meados deste ano, firmou um amplo pacto pela sustentabilidade com os seus fornecedores. O documento inclui uma série de compromissos, como a oferta de pelo menos um produto orgânico por categoria de alimentos até 2012. Outro item de destaque é o estímulo às vendas de produtos com diferencial em sustentabilidade e a redução das embalagens em 5% e do consumo de sacolas plásticas em 50% até 2013. “Queremos ser líderes em sustentabilidade no Brasil e estamos cada vez mais empenhados em buscar soluções que contribuam para o futuro do planeta”, diz Héctor Núñez, presidente da rede no Brasil.
A iniciativa prevê, ainda, ações para a comercialização e consumo de madeiras e produtos florestais apenas com certificação de origem sustentável. Também foram estabelecidas restrições comerciais às empresas e/ou pessoas identificadas em sua cadeia produtiva que utilizem condições degradantes de trabalho associadas a práticas que caracterizem escravidão.
Outra medida é a suspensão das compras das fazendas envolvidas no desmatamento da Amazônia. A decisão vale para todas as bandeiras da rede no país e a posição inclui notificação dos frigoríficos, suspensão de compras das fazendas denunciadas pelo Ministério Público do Estado do Pará e a exigência das Guias de Trânsito Animal anexadas às Notas Fiscais dos frigoríficos. Como medida adicional, a rede implantou um plano de auditoria independente e de reconhecimento internacional que assegure que os produtos comercializados não são procedentes de áreas de devastação da Amazônia.
Com três grandes focos de trabalho – energia/construções, resíduos e produtos – o grupo tem ainda a meta ousada de gerar resíduo zero em sua operação em todo o mundo. No Brasil, os primeiros passos já foram dados. Em relação a energia, foram inauguradas desde o final do ano passado, duas lojas ecoeficientes, concebidas para reduzir em 40% o uso de energia e 25% o de água, modelo que será adotado como padrão para todos os seus hipermercados. São mais de 60 iniciativas sustentáveis em cada uma delas, que vão desde o aproveitamento da água da chuva até energia solar, passando por uso de material reciclado em toda a comunicação visual, paredes com placas de isopor e iluminação natural.
Na área social, a rede inaugurou neste ano, a “Loja da Comunidade”, modelo pioneiro de supermercado com serviços ao cidadão, que completa sete meses com três unidades no Nordeste. Com serviços como emissão de documentos, cursos profissionalizantes, lan-house, atendimento médico, entre outros, o formato mostra resultados e contabiliza mais de 70.000 pessoas beneficiadas. A expectativa é levar a iniciativa para outras regiões do país, priorizando bairros mais necessitados.
Reciclagem e desenvolvimento local
Já o Grupo Pão de Açúcar ampliou a reciclagem pré e pós consumo em Brasília. A rede instalou nove postos de coleta de papel, vidro, plástico, metal e óleo de cozinha armazenado em garrafas pet nas lojas próprias e também em unidades do Extra. Nos postos, localizados nos estacionamentos, os clientes contam com a ajuda dos “fiscais da natureza”, que ajudam na entrega e na triagem do material, fazendo com que cheguem ao destino correto. Todo material arrecadado é doado a cooperativas de reciclagem e a renda é revertida para seus cooperados. O óleo de cozinha usado é transformado em biocombustível.
“Nossas pesquisas indicam que os clientes estão cada vez mais engajados e buscam soluções práticas para adoção de hábitos de consumo mais sustentáveis. Esses projetos visam atender a essa demanda e devemos estendê-los para todas as lojas da rede até 2010″, afirma Paulo Pompilio, diretor de Responsabilidade Socioambiental do grupo. Somente na capital federal, 12 lojas, de 16, já contam com as estações de reciclagem.
O grupo conta com o maior programa privado de reciclagem do país, responsável pela arrecadação mensal de 500 toneladas de resíduos. O material é repassado para 32 cooperativas, localizadas em 30 municípios de nove estados e no Distrito Federal. A ação já arrecadou desde 2001, 29,5 mil toneladas de resíduos, 50% desse total em papel, 22% em plástico, 22% em vidro, e o restante dividido em metal, alumínio e óleo.
Com uma política estruturada de responsabilidade socioambiental, o grupo mantém ações voltadas para a melhoria dos processos de controle sobre o consumo de recursos hídricos e energia, bem como do volume de resíduos gerados pela companhia e sua destinação adequada. Para isso, desenvolve um estudo sobre os resíduos, com foco na aplicação do conceito dos 3 Rs – reduzir, reutilizar, reciclar. Com base nessa premissa, são realizadas ações que buscam otimizar o reaproveitamento do lixo reciclável e orgânico e promover a redução do volume de materiais descartados em aterros.
“Uma mudança de atitude simples, como descartar corretamente os resíduos, promove benefícios significativos para o meio ambiente. Com soluções cotidianas, buscamos disseminar práticas sustentáveis e despertar as pessoas para a causa ambiental”, completa Pompilio.
Também há iniciativas na área esportiva, cultural e filantrópica. Desde 2002, por exemplo, a rede incentiva a produção e comercialização de produtos de manejo sustentável, feitos por micro organizações, ONGs e artesãos. Além de oferecer um espaço para terem suas mercadorias expostas nas lojas da rede com condições diferenciadas, também é ofertada assessoria para os produtores se adequarem às exigências legais e do mercado. Hoje a iniciativa conta com 87 comunidades participantes e 40 mil pessoas beneficiadas.
Outra frente de atuação é o combate ao desperdício. Há 14 anos, a rede promove um trabalho de doações e parcerias que beneficia 600 instituições assistenciais e é responsável pela doação de mais de 23 mil toneladas de alimentos. A rede também mantém, desde 2000, postos de arrecadação de agasalhos, livros, brinquedos e alimentos, que são doados para instituições localizadas no entorno das lojas. Com essa ação, já foram arrecadados cerca de dois milhões de livros, 1,3 mil agasalhos e 139 mil brinquedos.
A rede também foi pioneira na oferta de embalagens alternativas, como sacolas retornáveis e construiu o primeiro “supermercado verde” da América Latina, inaugurado no ano passado em Indaiatuba, São Paulo. O empreendimento foi projetado para oferecer o menor impacto possível ao meio ambiente, seguindo os critérios determinados pela certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), que atesta a sustentabilidade de uma edificação.
Wal-Mart – Pão de Açúcar – Telefone: (61) 3347 1030
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