
Plantio de árvores: solução?
Empresas de todos os portes já procuram serviços que incluem comercialização de crédito de carbono e neutralização de gases poluentes
O debate sobre o aquecimento global e a necessidade de preservação do meio ambiente passou da ciência para a economia. Empresas de todos os portes têm adotado gestões que incorporam políticas de sustentabilidade ambiental. E dentro dessa tendência, outras têm aproveitado a onda verde e se especializado em serviços ambientais, como a neutralização da poluição, adequação às normas de gestão ambiental (ISO 14001) e projetos para comercialização de créditos de carbono.
No Brasil, o novo mercado na área de consultoria é promissor e registra um comportamento frenético nos últimos tempos. Segundo William Eloy Abud, gerente geral da Key Associados, nos últimos dois anos a empresa teve um aumento de 50% na procura por projetos ambientais. “Somente em 2007, foram 50 contratos diferentes, o que representa cerca de 40% do total”, destaca. No mercado há dez anos, prestando serviços na área de gestão empresarial, a instituição tem hoje um portfólio de clientes diversificado, o que mostra que a preocupação ambiental já é pauta em todos os segmentos da economia. “Inicialmente os contatos partiam de empresas grandes, porém, hoje desde pequenas corporações até multinacionais já querem serviços na área”, afirma. Entre os serviços mais procurados, destaque para inventário de emissões e projetos de crédito de carbono.
O bom momento para o setor também foi sentido pela MaxAmbiental, empresa especializada em serviços de consultoria na área desde 2003. “A demanda cresceu brutamente nos últimos anos. Em 2006, realizamos 20 trabalhos e neste ano já registramos mais de 100”, comemora o diretor, Eduardo Petit. Inicialmente a empresa apenas comercializava créditos de carbono, mas com a demanda crescente precisou ampliar a base de serviços prestados e hoje desenvolve o programa Carbono Neutro de Neutralização de Emissões de CO2, que permite a neutralização total ou parcial de qualquer atividade empresarial, industrial ou administrativa por meio de plantio de árvores.
Com uma ferramenta científica certificada internacionalmente, a instituição realiza um levantamento completo das atividades selecionadas pela corporação, que abrange o uso da energia, materiais e matéria-prima utilizados, pessoal envolvido, transportes e lixo. “Quantificadas as emissões, a neutralização é feita por meio da compensação em projetos ambientais, que poderão estar no Brasil ou em qualquer parte do mundo”, explica o diretor. Se comprovado que as emissões de fato foram neutralizadas, a MaxAmbiental concede o “Selo Carbono Zero”, que desde a sua criação já foi emitido para cerca de 70 empresas no país.
Recentemente uma pequena empresa de Campinas, a agência de comunicação Galileo, recebeu o certificado. Segundo um dos sócios da empresa, Renato De Vuono, o programa foi adotado por uma questão de consciência ambiental e também pela tendência de mercado. “Muitas grandes companhias já estão deixando de contratar serviços de empresas que não façam a neutralização e nos antecipamos, pois não queremos que esse fator seja usado contra nós no futuro”, explica.
Para os especialistas, em 2008 o mercado de consultoria na área ambiental ainda terá um aumento exponencial e deve ser um grande gerador de receitas para quem já tem experiência no setor. “Hoje as empresas buscam não só cumprir suas funções sociais, mas querem também ter sua imagem associada a essa cultura de preservação ambiental. Por isso, o mercado deve crescer muito antes de entrar no período de estabilização”, argumenta Eduardo Petit. Já William Abud calcula que somente na Key Associados o crescimento deve bater a marca dos 50%. “Ter projetos na área ambiental já é visto como estratégia de negócios, principalmente se tiverem o respaldo técnico”, avalia.
Poluição na ponta do lápis
A preocupação com aquecimento global também não é exclusividade das empresas. É um assunto que tem chamado atenção de todos. Cada vez mais, há quem queira saber qual a sua contribuição nesse cenário. “Hoje o serviço de consultoria na área ambiental é procurado também por cidadãos comuns que querem, por exemplo, neutralizar a poluição emitida numa festa de casamento”, conta o diretor da MaxAmbiental, Eduardo Petit.
Para atender esse nicho de mercado, as empresas além de prestar o serviço de consultoria também já apostam em ferramentas eletrônicas capazes de quantificar o quanto uma pequena ação individual pode gerar em poluição. No site da Key Associados (http://www.keyassociados.com.br) está disponível uma espécie de calculadora pessoal de C02. Colocando dados como o consumo de energia mensal, de gás de cozinha e de encanamento é possível calcular o quanto é emitido de gases poluentes e o que é preciso para neutralizá-los. “Essa ferramenta é muito utilizada. Temos um acesso de cerca de 50 visitas por dia. Embora projetada somente para pessoas físicas, muitas empresas acabam utilizando para uma primeira estimativa de emissões”, conta Abud.
No site da Fundação S.O.S. Mata Atlântica (http://www.florestasdofuturo.org.br) há um sistema semelhante, mas totalmente relacionado a meios de transporte, seja automóvel particular, coletivo ou avião. Pelo sistema é possível calcular o quanto é emitido de carbono todo dia pelos veículos, de acordo com as cilindradas, combustível utilizado e a quilometragem rodada. “A idéia foi baseada num site existente no exterior e eu adaptei para a realidade brasileira”, conta o criador da ferramenta e doutor em Geoquímica Ambiental pela Universidade Federal Fluminense, Kenny Tanizaki Fonseca.
Key Associados – Telefone: (11) 3372-9595; MaxAmbiental – Telefone: (11) 3709-3440; Galileo Comunicação – Telefone: (19) 3243-3773 e Kenny Tanizaki Fonseca – Telefone (21) 9692-9637
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