
Aluno do SESI na aula de alfabetização
SESI e MEC unem-se para alfabetizar 2 milhões de pessoas até 2006, dentro do programa Brasil Alfabetizado. Com uma rede gigantesca de atuação, integrada com Secretarias de Educação de todos os estados, o SESI tem todas as ferramentas para atingir esse objetivo. O maior desafio, no entanto, é identificar e convencer os analfabetos a ir para a sala de aula.
Para ajudar a transformar o Brasil num país plenamente alfabetizado, o Serviço Social da Indústria (SESI) inicia, em julho, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), uma inédita mobilização nacional cujo desafio é levar às salas de aulas dois milhões de pessoas de todo o território brasileiro em quatro anos, o equivalente a 10% dos 20 milhões que o MEC pretende alfabetizar até 2006, por meio do programa Brasil alfabetizado. Um dos pilares da política de desenvolvimento econômico e social do atual governo é a educação e, como demonstrou o próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a solenidade de assinatura do convênio que formalizou a parceria entre o SESI e o MEC, boa parte dos esforços estará concentrada na erradicação do analfabetismo nos próximos quatro anos.
Elevar o nível escolar dos trabalhadores brasileiros e combater o analfabetismo é também uma prioridade do SESI. O governo federal já firmou cerca de 30 parcerias com governos estaduais, entre os quais o do Ceará e da Paraíba e entidades não-governamentais, como o Movimento de Educação de Base, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entre outras organizações. Os convênios firmados até agora vão contribuir com a alfabetização de cerca de três milhões de pessoas, o que torna o SESI o maior parceiro do MEC no programa Brasil alfabetizado até o momento. A participação da entidade tomou a forma de um projeto, batizado de SESI – por um Brasil alfabetizado. O MEC deverá destinar ao programa este ano R$ 270 milhões, dos quais R$ 27,9 milhões, provenientes do Fundo Nacional do Desenvolvimento para Educação, serão destinados à parceria com o SESI. Os recursos serão empregados na remuneração e capacitação dos professores. As demais despesas serão custeadas pelo SESI.
Encontrar e atrair esses brasileiros sem acesso à escrita e à leitura será o fator diferenciador do novo trabalho. A expectativa é transformar em agentes de mobilização entre 500 mil e 800 mil pessoas envolvidas direta ou indiretamente com o Sistema SESI. Escolas públicas, universidades, indústrias e empresas de outros segmentos, organizações comunitárias – como clubes de mães e de jovens, igrejas, associações de bairros, com acesso às camadas mais populares –, além das unidades do SESI e escolas do SENAI serão os núcleos de alfabetização. A idéia é engajar as pessoas a ler e escrever.
A previsão é alfabetizar mais 500 mil pessoas nos próximos dois anos e 700 mil em 2006. Especialista em Educação desde os anos 40, o SESI tem know-how para elevar de forma significativa os números de seu desempenho nessa área, que já não são baixos. O programa SESI Educação do Trabalhador, destinado aos jovens e adultos, atendeu, só no ano passado, 922.331 alunos, da alfabetização ao ensino médio. As aulas foram ministradas por 24.717 professores em 13.729 salas de aula. O trabalho foi realizado com a colaboração de 3.013 parceiros, entre secretarias estaduais e municipais e entidades não-governamentais, entre outras.
Toda essa infra-estrutura será aproveitada na parceria com o MEC. Mas para atender às necessidades pedagógicas do novo projeto, o SESI, por meio do programa Formação de Formadores, vai lançar dois produtos inéditos: o Guia da Ação Alfabetizadora, que será distribuído em meados de junho entre os profissionais engajados no projeto, e um módulo de extensão universitária específico para alfabetizadores. O guia, elaborado por especialistas do SESI, da Universidade de Brasília e da Unesco, oferece formação inicial para quem pretende alfabetizar pessoas ligadas a essas entidades no trabalho de identificar e convencer os analfabetos a procurar uma escola e freqüentar as aulas. A perspectiva é manter pelo menos uma sala de aula em cada um desses locais.
O analfabetismo representa uma exclusão social. E a decisão de voltar às aulas ou iniciar os estudos é muito pessoal e implica vencer barreiras de preconceito. Daí a importância da figura do agente de mobilização. A história do operador de trator José Pereira Lima dá uma idéia do peso do fator estímulo para atrair o aluno à sala de aula. Pereira transformou-se num símbolo do trabalho de alfabetização do SESI. Operador de trator da Conterc Construção, firma de terraplanagem e consultoria de Brasília, ele quis saber o que funcionaria naquele aposento cujas paredes começavam a ser erguidas. Quando descobriu que ali seria instalada uma sala de aula, percebeu que aquela seria a sua oportunidade de aprender.
Quase um ano depois, com a leitura e a escrita praticamente dominadas, Pereira dizia a frase que emocionaria a platéia presente ao lançamento do SESI – por um Brasil alfabetizado e a levaria a aplaudi-lo de pé: “O caminho do Brasil está na ponta do lápis”, transformado instantaneamente em slogan do projeto.
“Os caminhos são mais abertos para quem sabe ler e escrever. Quem sabe ler e escrever é quem desenvolve o País”, diz Pereira, ao explicar de onde veio a inspiração para as suas palavras. Ele revela que, aos 52 anos, sua vida mudou com a alfabetização. O dia-a-dia ficou mais fácil com a possibilidade de ler letreiros de ônibus ou placas de avisos, mas isso, ressalva, não é o mais importante. “O que falo agora tem mais fundamento, e as pessoas me vêem de uma forma melhor”, acrescenta. Exercer de fato a cidadania, segundo Pereira, é a diferença entre o alfabetizado e o analfabeto. Para realizar transformação similar à de Pereira em 300 mil pessoas só este ano, o SESI vai precisar de 12 mil alfabetizadores.
Site: www.sesi.org.br
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