
A proposta da publicação e subsidiar a formulação de políticas públicas
Universidades de São Paulo divulgam amplo estudo sobre a exploração de trabalhadores no país.
Estudo minucioso produzido por geógrafos da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade de São Paulo (USP) traz um perfil dos trabalhadores explorados no país. Trata-se do “Atlas do Trabalho Escravo no Brasil” lançado no dia 16 de abril, pela OSCIP Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
Com o estudo é possível conhecer a probabilidade do fenômeno em setores da economia e municípios de todo o país. Atividades relacionadas com pecuária ou carvão vegetal, em certas regiões da Amazônia, estão entre os exemplos de maior risco de existência de trabalho escravo.
“Apresentamos uma ferramenta com a qual financiadores e empresas, em vez de reagir aos problemas, podem preveni-los, focando onde o risco é maior. Mas é essencial que a ferramenta seja atualizada constantemente”, destaca Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
De acordo com a publicação, o perfil típico do escravo brasileiro do século XXI pode ser representando por um migrante maranhense, do Norte do Tocantins ou oeste do Piauí, de sexo masculino, analfabeto funcional, que foi levado para as fronteiras móveis da Amazônia, em municípios de criação recente, onde é utilizado principalmente em atividades vinculadas ao desmatamento.
O estudo foi realizado pelos geógrafos da USP Hervé Théry, Neli Aparecida de Mello, Julio Hato e Eduardo Paulon Girardi, com apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Além do diagnóstico, a publicação apresenta duas novas ferramentas – o Índice de Probabilidade de Trabalho Escravo e o Índice de Vulnerabilidade ao Aliciamento – que poderão auxiliar na implementação da legislação e orientar as políticas públicas de combate à escravidão.
“A ferramenta desenvolvida criou uma metodologia extremamente útil para a sociedade civil”, afirmou Hervé Thery. “Para produzir o índice de probabilidade, analisamos as principais atividades nas quais há trabalho escravo – a pecuária e a abertura de novas áreas de pastagens, em especial – e mapeamos as características econômicas das regiões onde ele ocorre”, completou Eduardo Paulon Girardi.
Ainda segundo Girardi, esse índice indica os municípios que têm características semelhantes àqueles onde há trabalho escravo. Com isso, os gestores têm um instrumento para a prática de combate à escravidão. Para se ter uma ideia, desde 1995, mais de 42 mil pessoas foram libertadas das condições de escravidão pelo Estado brasileiro, de acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
A publicação tem 81 páginas e pode ser lida na íntegra neste link.
Amigos da Terra – Amazônia Brasileira – Telefone: (11) 3887-9369
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