
Coordenador-técnico do projeto, Carlos Dias e cão-guia
Projeto com sede em Brasília treina cães para serem guias de pessoas com deficiência visual
Melhor amigo do homem. Não é à-toa que esse título pertence ao cão e não a outro animal. Além de fiel e companheiro, hoje é reconhecida e regulamentada em lei uma função social que ele desempenha a um bom temp a de guia para pessoas com deficiência visual. Em Brasília, o Instituo de Integração Social e de Promoção da Cidadania (Integra) treina há cinco anos cães para serem os olhos de pessoas com deficiência visual.
Trata-se do Projeto Cão-Guia de Cego, uma iniciativa pioneira no país, que além de preparar o animal para ser guia também adapta o deficiente visual para recebê-lo a custo zero. “Somos a única escola no Brasil a trabalhar desta forma. Todos os cães nascem no próprio centro e nós selecionamos previamente suas matrizes genéticas”, conta o coordenador-técnico do Projeto, Carlos Dias.
O Cão-Guia de Cego conta com a parceria do Corpo de Bombeiros, que oferece todo o apoio técnico e operacional, do Hospital Veterinário da Universidade de Brasília (UnB), do Hospital Parque Rio e da Fundação Mira, do Canadá, que há mais de 20 anos atua no ramo. Além deles, o programa conta ainda com parceria da empresa Prêmier-Pet (ração) e da multinacional Bayer (medicamentos). “Com o apoio destes atores os beneficiados não tem nenhum custo com o animal. As parcerias prevêem desde a alimentação até atendimento médico por toda vida do animal”, destaca Dias. O preço do cão importado pode alcançar a marca de US$ 40 mil.
O treinamento realizado pelo Integra é bastante rigoroso e dura cerca de 18 meses. Antes de ir morar com o deficiente visual, os filhotes são “adotados” por uma família escolhida entre voluntários, conhecida como família hospedeira. “A função dela é socializar o animal, para que ele fique à vontade com as pessoas”, explica Dias.
Após dez meses de socialização o cão passa por uma rigorosa avaliação médica e se aprovado, começa o seu adestramento para guia, com duração de sete meses, sendo o último mês com o futuro usuário. “Para ser aprovado, o cachorro precisa apresentar uma saúde perfeita e um temperamento bem equilibrado, afinal ele será o guia do cego”, destaca o coordenador.
Da mesma forma, nem toda pessoa deficiente visual está apta a ter um cão. É fundamental ter orientação e mobilidade. Segundo Dias, o deficiente precisa estar acostumado a sair de casa e a identificar os sons da rua. “O cachorro vai apenas olhar pelo cego, mas a inteligência vai estar sempre no deficiente visual. Ao atravessar a rua o cão vai posicionar o cego na faixa de pedestre, mas a voz de comando para atravessar a rua virá do deficiente”, explica Dias.
Para ter o cachorro, o usuário é avaliado por uma equipe composta por um psicólogo, um assistente social e um profissional de orientação e mobilidade. “Além de entrevistar e realizar visitas na casa do candidato, também acompanhamos toda a sua rotina por um tempo”, conta.
Com a função regulamenta em Lei (Lei Federal 11.126/05 e Lei Distrital 2996/02), Carlos Dias acredita que o preconceito diminuiu nos últimos tempos. “No começo do projeto era comum o cego ser barrado, principalmente nos transportes públicos. Hoje a população está mais consciente da importância de um cão-guia na vida da pessoa com deficiência visual”, conta. As leis garantem o livre acesso do deficiente visual com seus cães-guias em locais públicos e privados de uso coletivo.
Desde a sua criação, o projeto já atendeu 18 pessoas, sendo cinco fora do Distrito Federal. No ano passado foram entregues seis cães. Para 2007 a expectativa é entregar10. “Nossa meta a partir de 2008 é beneficiar no mínimo 10 pessoas por ano”, revela o coordenador. Somente neste mês, o Integra entregará três cães-guia.
Astro
Em 2005, um cachorro treinado pelo Integra virou estrela nacional. O Senhor Quartz era o cão-guia de Jatobá, personagem de Marcos Frota, na novela América, veiculada pela Rede Globo.
Instituto de Integração Social e de Promoção da Cidadania (Integra) – Telefone: (61) 3442-7900 (Endereço: SAIS Quadra 04 Lote 05 – Academia dos Bombeiros Militares do DF)
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