
Segundo Voltolini, a motivação de realizar o levantamento surgiu diante da falta de estudos específicos sobre o tema
Estudo lançado em São Paulo mostra evolução e aponta tendências na elaboração de balanços socioambientais
Estudo da Ideia Sustentável mostra que de simples peças de comunicação, os relatórios de sustentabilidade passaram a orientar as organizações para novas oportunidades de negócios. A pesquisa qualitativa, divulgada no último dia 02, traz a opinião de 50 empresas líderes com atuação no Brasil e entre as conclusões está que esses documentos são hoje importantes ferramentas de gestão.
A proposta da publicação, patrocinada pelo Bradesco, foi avaliar a evolução dos balanços socioambientais nas empresas e destacar as principais tendências para os próximos anos. A pesquisa “Relatórios de Sustentabilidade: evolução, cenários e tendências” aponta também que, apesar de ter proporcionado avanços na responsabilidade social corporativa, o processo de elaboração dessas publicações ainda esbarra em dificuldades técnicas e culturais.
Segundo Ricardo Voltolini, diretor de Ideia Sustentável, a motivação de realizar o levantamento surgiu diante da falta de estudos específicos sobre o tema. “Reconhecemos a importância dos relatórios para a responsabilidade social corporativa. Essa é uma prática que vai evoluir muito nos próximos anos diante da maior exigência dos públicos de interesse”, afirma.
Entre os principais desafios apontados pelas empresas, destaque para a necessidade de aprimorar recursos tecnológicos e de linguagem, de modo a tornar as publicações mais dinâmicas e interativas. Elas também se preocupam como avaliar o nível de leitura das publicações. Metade das companhias entrevistadas alegou não dispor de nenhum instrumento para saber a opinião dos leitores sobre os relatórios.
As instituições destacaram ainda que é difícil cumprir as metas estabelecidas para cada indicador. “Os relatórios acabam se dedicando muito mais à descrição de vontades e práticas do que à definição de desafios futuros”, pontua Voltolini. Na projeção para 2010, a tendência geral observada é envolver mais e melhor os stakeholders e os colaboradores, com expansão nos canais de diálogo.
Quanto à forma e ao conteúdo, o estudo identificou quatro tendências. A primeira diz respeito à redução do número de páginas e de tiragem com migração do conteúdo maior para versões eletrônicas. Os entrevistados também apontaram a adoção de outros formatos (pen drive, CD, DVD), assim como de versões navegáveis para internet, mais agradáveis de ler e interagir que os pdfs.
“Daqui por diante, os relatórios terão que se adaptar às novas gerações, habituadas a ler de forma diferente. Não se trata de suprimir o impresso ou o pdf, simplesmente, mas aportar outros formatos que possibilitem leituras mais rápidas e objetivas”, aponta Voltolini.
Para Gláucia Térreo, da Global Reporting Initiative (GRI), essa discussão está intimamente relacionada ao sentido que a elaboração do relatório tem na empresa. “Muitas companhias começam a publicar relatórios de sustentabilidade porque o concorrente já o fez. E esse não é o real motivo. A empresa precisa ter muito claro por que o relatório é importante para o seu negócio, uma vez que esse processo demandará tempo, dinheiro e recursos humanos”, afirma.
Mas essa também pode ser uma via de mão dupla, considerando que o investimento destinado à elaboração do relatório é compensado pelas oportunidades de negócio ou aprimoramento de processos e gestão identificados nesse processo. “Se for analisar os funcionários, consultorias e todo o tempo dedicado à elaboração do relatório, o investimento com certeza ultrapassa R$ 1 milhão. Agora se analiso até que ponto esse recurso, muda a nossa maneira de enxergar as coisas, influencia os produtos que lançamos, as pessoas e o nosso relacionamento com clientes e fornecedores, por exemplo, o investimento é zero”, conclui Jean Philippe Leroy, diretor de relação com o mercado do Bradesco.
Ideia Sustentável – Tel.: (11) 5579-8012
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