
Unidade COOPERCIM em Samambaia, DF
Distante de iniciativas governamentais e de grandes empresas, uma legião de heróis anônimos muda os rumos da história de suas comunidades. Trata-se de pessoas conscientes de que a responsabilidade social não é tarefa apenas dos governantes, mas de todo e qualquer cidadão que deseja fazer diferença com seus atos. A iniciativa pode partir de um pequeno bairro, de uma rua ou mesmo de um grupo de amigos. Basta ter vontade e planejamento para doar o melhor de si aos menos favorecidos.
Essa linha de pensamento retrata com exatidão o trabalho de um grupo de voluntários que, no ano de 2000, resolveu colocar em prática um sonho antigo: criar um projeto para levar o ensino da informática a comunidades carentes. Márcia Sabino Duarte, engenheira eletricista de 32 anos, conheceu o Comitê para Ação e Cidadania da Câmara Federal dos Deputados – um instituto com larga experiência em movimentos sociais, cujo princípio básico é estimular o surgimento de novas ações de cidadania.
“Eles conduziram o projeto até que ele se tornasse autônomo e auto-sustentável. Hoje, mantemos apenas o vínculo de relacionamento e apoio”, explica Márcia. Assim, surgiu o Projeto e-CIDADÃO, que tem todo seu respaldo legal baseado numa entidade criada pelos próprios voluntários, a Associação para Solidariedade e Ação Social (ASAS).
A implementação do e-CIDADÃO ocorre por meio de uma instituição de caridade a ser escolhida numa determinada comunidade, que disponibiliza espaço para implementar o projeto. Os voluntários fornecem e instalam os equipamentos em regime de empréstimo, além de disponibilizar os professores. Mas, a longo prazo, a intenção é formar novos instrutores dentro da própria comunidade, que serão os futuros responsáveis por aquela unidade do projeto.
A entidade parceira, por sua vez, é responsável por divulgar e fazer inscrições para os cursos de informática na região em que atua. Vale lembrar que a iniciativa não conta com qualquer fonte de recurso ou financiamento, nem ao menos com qualquer incentivo ou apoio do governo – toda a infraestrutura é fruto de doações eventuais.
Há quase três anos em funcionamento, o e-CIDADÃO hoje contabiliza mais de 200 alunos formados em diversos cursos de informática – como Introdução à Informática para Crianças, Windows, Word, Excel, Acess Básico e Internet. O projeto é voltado para populações carentes e atende, de forma geral, crianças acima de seis anos, adolescentes, adultos e idosos. “Porém, nós procuramos dar ênfase à capacitação de pessoas com mais de 16 anos para fins do mercado de trabalho”, explica o engenheiro eletricista de 36 anos, Francisco Duarte Moreira Neto, um dos coordenadores do projeto. Ele ainda ressalta que o grande objetivo para o próximo ano é a ampliação de unidades do e-CIDADÃO em todo o Distrito Federal.
“Está sendo formada no país uma massa cada vez maior de pessoas que ao invés de esperar atitudes do governo, percebem que elas mesmas podem se unir e fazer acontecer. A experiência tem mostrado casos de enorme sucesso”, completa. Para Neto, a melhor forma de incrementar os resultados do Terceiro Setor, além de uma política governamental de apoio às iniciativas, é investir na especialização dos envolvidos e dos gerentes. “Num país de proporções continentais como o Brasil, o Terceiro Setor é uma maneira bastante eficaz de criar soluções adaptadas às realidades locais”, avalia.
Responsável: Francisco Duarte Moreira Neto – Tel.: (61) 9967-2172 / 381-9636 / 567-7730 – E-mail: neto@asasweb.org.br – Site do projeto: www.asasweb.org.br
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