
Para a diretora executiva da Childhood Brasil, Ana Maria Drummond, ainda são raras as obras que ousam tratar sobre o fenômeno sem distorções
Duas produções apoiadas pela Childhood Brasil abordam a exploração sexual infantil com poesia e sensibilidade
A instituição Childhood Brasil, voltada para a proteção da infância contra o abuso e exploração sexual, encontrou na sétima arte um aliado para sensibilizar e informar a população sobre o problema, que atinge índices alarmantes no Brasil. Com 17 programas estratégicos e mais de 60 projetos em atividade, a instituição oferece apoio técnico e financeiro a ações culturais, em especial audiovisuais. Recentemente, duas produções receberam verbas da organização, num total de R$ 200 mil.
Um deles foi o média-metragem ‘Afetosecretos’, da psicanalista Graça Pizá. A produção é inspirada na experiência de análise de mais de 3 mil casos de abuso sexual intra-familiar tratados na Clínica Psicanalítica da Violência, entre 1996 e 2006. Inovador, o filme traz uma abordagem artística sobre o incesto, utilizando recursos como poesia e metáforas visuais.
Lançado no Rio de Janeiro, em agosto deste ano e apresentada em sessões simultâneas em várias partes do país, o filme integra um projeto mais amplo que inclui a publicação de um livro. A obra fará parte de um kit didático a ser aplicado em programas de formação de psicólogos e outros profissionais que atendem crianças e adolescentes vítimas ou em risco de abuso sexual. A produção amplia, ainda, o potencial de disseminação do livro “A Violência Silenciosa do Incesto” (Prêmio Jabuti), apoiado pela Childhood Brasil em 2004.
O segundo filme foi ‘Sonhos Roubados’, dirigido por Sandra Werneck e selecionado para participar do Premiére Brasil do Festival do Rio. Baseado no livro ‘As Meninas da Esquina – Diário dos Sonhos, Dores e Aventuras de Seus Adolescentes no Brasil’, da jornalista Eliane Trindade, o filme aborda com poesia e sensibilidade a história de três jovens da periferia carioca. Apesar da situação em que vivem – famílias desestruturadas, gravidez precoce e envolvimento em situações de exploração como meio de sobrevivência e satisfação de desejos de consumo – mantém seus sonhos de amar e construir um futuro melhor como qualquer adolescente.
“O cinema pode e deve colocar sua força de entretenimento, polemização e potencial de mídia a favor da ampla discussão do tema da violência sexual contra crianças e adolescentes pela sociedade”, diz Ana Maria Drummond, diretora executiva da Childhood Brasil. “E ainda são raras as obras que ousam tratar sobre o fenômeno sem distorções”, completa.
Braço nacional da World Childhood Foundation, criada por S. M. Rainha Silvia da Suécia, a Childhood Brasil (Instituto WCF-Brasil), foi fundada em 1999 e tem sede em São Paulo. Ao longo dos dez anos, a instituição ampliou e profissionalizou sua atuação e beneficiou mais de 700 mil pessoas.
Com atuação em 16 estados por meio de programas próprios, a instituição foca o trabalho na capacitação de diferentes profissionais e no fortalecimento de redes de proteção. Também apoia projetos desenvolvidos por outras entidades. A ideia é fomentar experiências inovadoras de intervenção e contribuir para o desenvolvimento de organizações de base, o que trará uma transformação positiva e duradoura para a causa.
Childhood Brasil – Telefone: (11) 3323-1601
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