
Logo do projeto
Criado em 1997, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o projeto Alfabetização Solidária bem que poderia ter sido mais um daqueles projetos a engrossar a lista dos programas engavetados em trocas de governo. Mas não. A ex-primeira dama Ruth Cardoso, num ato de provisão e esperteza, deu ao projeto status de Organização Não-Governamental – única maneira de liberá-lo do cunho governamental e de dar-lhe ‘asas próprias’. A estratégia deu certo.
Em apenas seis anos de existência, o programa multiplicou seus números: em 1997, atendia 9,2 mil alunos, em 38 municípios das regiões Norte e Nordeste. Naquela época, contava com o apoio de 11 empresas parceiras, 442 alfabetizadores e 38 universidades envolvidas. A realidade que encerrou o ano de 2002 já foi bem diferente: o Alfabetização Solidária alcançou a marca de 3,8 milhões de alunos atendidos, nos 2.010 municípios onde atua. O programa se desenvolve com o apoio de 110 empresas parceiras e 204 universidades, que já capacitaram 150 mil alfabetizadores. Pode-se dizer que se trata de um verdadeiro exército de combate ao analfabetismo.
O segredo deste sucesso é a construção de uma minuciosa e eficiente rede de funcionamento. Todos os detalhes são levados em conta, e se integram por meio de parcerias. A começar do método de ensino que fica à escolha das universidade credenciadas – são elas que garantem a qualidade dos projetos pedagógicos e formam os alfabetizadores que vão à campo ensinar as letras.
Os governos federal e estadual, por sua vez, entram com metade do valor dos materiais didáticos, por meio de convênios assinados com o Ministério da Educação ou com prefeituras. A outra metade do custo é coberta pela verba que vem dos acordos firmados com empresas parceiras e financiadoras, além do dinheiro doado pela sociedade civil dentro da campanha ‘Adote um Aluno’. A missão, portanto, da ONG Alfabetização Solidária, é gerenciar e promover a articulação entre todas as partes envolvidas.
O programa atua, basicamente, em duas frentes: a primeira, nos municípios com os mais altos índices de analfabetismo encontrados pelos dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos bolsões de pobreza existentes nas grandes cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. Essa frente é é usualmente financiada pelo governo ou por empresas que adotam um município. A segunda é mantida com a ajuda de pessoas físicas que adotam um aluno, contribuindo com R$ 17 mensais, durante um semestre – período de duração do atendimento ao aluno. Vale destacar que a ONG só atende jovens e adultos com idade superior a 15 anos, pois deseja atingir aquela faixa da população que não teve chance de ser alfabetizada na infância.
O projeto também já está presente no exterior – em países como Timor Leste, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Angola e Cabo Verde. Além disso, já foi agraciado com importantes reconhecimentos, como a recente indicação da Unesco para ser um dos projetos a integrar o Kit da Década de Alfabetização da ONU, lançado oficialmente em fevereiro de 2003. Este documento será distribuído aos cinco continentes como forma de recomendação dos projetos mais bem-sucedidos de combate ao analfabetismo.
Site: www.alfabetizacao.org.br
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