
Em entrevista ao site, o ator e modelo, Luciano Szafir, explica como se envolveu com as causas do Terceiro Setor e do Voluntariado. Com forte atuação dentro da Organização Não-Governamental Ver e Ouvir, Luciano dá o primeiro passo em direção ao seu maior desafio na área: construir o museu Espaço às Claras – um local feito especialmente para portadores de deficiências visuais, em Brasília. Conheça, a seguir, as idéias do empreendedor para a construção desse lugar e, também, suas considerações diversas a respeito de Terceiro Setor e Responsabilidade Social. Confira…
1) Responsabilidade Social – Como aconteceu o seu envolvimento com o Terceiro Setor e com a ONG Ver & Ouvir?
Luciano Szafir – Bem, desde cedo eu convivo com ações deste tipo, pois minha família sempre foi muito envolvida com causas sociais. Fui apresentado para Rozanna Maya por um amigo comum, que me fez o convite para participar da ONG. Vendo a importância que a causa merecia, resolvi abraçar o projeto.
2) Responsabilidade Social – Como surgiu a idéia de construir o Museu e Complexo Cultural Espaço às Claras?
LS – Eu, Rozanna e Cristina Portela desenvolvemos este projeto por saber que no mundo inteiro não existe nada similar – um espaço que realmente seja voltado para os portadores de deficiências visuais. Você vê uma pequena parte do Museu do Louvre com um espaço voltado aos cegos, assim como em outros museus pelo mundo. Mas nada similar, integralmente destinado a esta fatia da população. Então, desenvolvemos a idéia a partir do formato do olho humano, na seqüência a Antares Engenharia, que irá construir o museu, e a Dávila Arquitetura, desenvolveram o traçado final, com salas para material xiflológico, biblioteca, audioteca, sala de maquetes dos maiores monumentos do mundo, para que possam ser tocados pelos cegos e eles passem a conhecer o mesmo que nós videntes temos acesso. Enfim, são inúmeras as finalidades do museu, mas a principal é capacitar e integrar o cego no mercado de trabalho, através de oficinas específicas, onde efetivamente eles podem ter acesso a um aprendizado sólido.
3) RS – O que será apresentado no museu?
LS – Teremos espaços como biblioteca, audioteca, sala de material xiflológico, sala de maquetes, restaurante, entre outros.
4) RS – Haverá algum tipo de apoio à profissionalização dos portadores de deficiência visual?
LS – Sim. O museu tem como princípio básico a capacitação e inclusão profissional de cegos e deficientes visuais, este é o passo número um para todos nós que estamos nesse projeto.
5) RS – Por que Brasília foi escolhida para sediar o “Espaço às Claras”?
LS – Em primeiro lugar, por ser a capital do país, e também por ser o lugar mais próprio para instalar o museu, uma vez que Brasília é uma cidade projetada, que combina com o arrojo deste projeto, e é o lugar para onde todo o país converge, local de respeitabilidade internacional. Porém, o projeto é audacioso e dispendioso, e depende de uma área de aproximadamente 10.000 m², para nós o mais importante é viabilizá-lo, o local passa a ser secundário.
6) RS – Como o senhor avalia a situação dos portadores de deficiências (visual, auditiva ou física) no Brasil?
LS – Não só os cegos e deficientes visuais têm problemas de adaptação, todos os deficientes, no sentido mais amplo da palavra, têm várias barreiras a enfrentar. Infelizmente, ainda não estamos prontos para dar uma boa qualidade de vida a eles. Falta infra-estrutura e investimentos no setor (tanto da iniciativa privada como do governo). Acredito que isto seja uma questão cultural e de mídia. Até pouco tempo atrás não se falava sobre o assunto, mas hoje, a população, os meios de comunicação, a sociedade e o governo estão estabelecendo novas prioridades para essa parcela da população tão desatendida.
7) RS – Como o senhor define o conceito de Responsabilidade Social?
LS – Eu acredito que Responsabilidade Social é uma obrigação de todo ser humano, que deveria ser motivado e ensinado desde cedo a ter consciência desse conceito. Assim, a Responsabilidade Social faria parte de nossa cultura. Seria algo natural e instintivo, as pessoas agiriam espontaneamente neste sentido. Responsabilidade Social está em tudo. Está em respeitar os idosos, não agredir um ser humano, respeitar o meio-ambiente, agir em prol do bem social, entre diversas outras coisas.
8) RS – Na sua opinião, o que pode ser feito para otimizar a atuação do Terceiro Setor no Brasil?
LS – Acredito que o Terceiro Setor ainda engatinha em suas ações, é uma coisa muita nova, com regras e ações não muito bem definidas, e por muitas vezes carregadas de burocracias. Aliás, acho até que algumas destas burocracias são necessárias para separar o joio do trigo. Afinal, tudo corre o risco do modismo, e o maior prejudicado pode acabar sendo quem deveria se beneficiar de ações filantrópicas. Bem, acho que estamos aprendendo a trabalhar no Terceiro Setor, e algumas instituições já conseguem seguir seus planos de ação com um bom ritmo, outras ainda dependem de verbas alocadas e não liberadas, outras por sua vez, ainda precisam definir melhor seu foco de atuação. Enfim, nós ainda estamos no começo, o que mais importa é persistir na caminha, com perseverança e garra.
9) RS – Tendo por base a sua experiência em Terceiro Setor, o senhor acha que o envolvimento do governo com esta área é suficiente?
LS – Como já falei antes, para nós e para eles isso é tudo muito novo, temos que aprender juntos, interagindo, discutindo, buscando soluções, criando mecanismos que contribuam para o melhor desenvolvimento deste que é um novo setor e que busca se organizar e tornar o mundo um pouco melhor e mais digno. Tenho certeza que nós e o governo teremos uma meta única, parceira e solidária.
Site: www.vereouvir.org.br
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