
Presente no Brasil desde 1897, o Instituto Marista mantém uma atuação forte nas áreas de educação, solidariedade, saúde e comunicação, por meio de uma agremiação de organizações sem fins econômicos.
Na educação, seus colégios, centros técnicos e universidades formam mais de 60 mil pessoas anualmente e ampliam o conhecimento com a publicação de 34 milhões de livros em editoras próprias. Na saúde, seus hospitais realizam 443 mil atendimentos ao ano e proporcionam ações de humanização, conscientização e prevenção.
Destaque também para a Rede Marista de Solidariedade, que atende diretamente 16 mil crianças e jovens de maneira contínua, além de atuar em todas as frentes do Grupo Marista a partir de programas com base na promoção e defesa dos direitos das infâncias e juventudes, bem como estratégias de incidência política e fomento à educação para a solidariedade.
Em entrevista exclusiva para o site Responsabilidade Social.com, o articulador da Rede Marista de Solidariedade, Irmão Jorge Gaio, detalha a proposta dessa iniciativa. Ele destaca os principais números e apresenta as metas para 2013. Gaio também detalha uma campanha realizada para estimular contribuintes de todo o Brasil a deduzir parte do Imposto de Renda devido em 2012 aos Fundos para a Infância e Adolescência (FIA).
“A destinação de parte do imposto para os FIAs é uma das oportunidades seguras e efetivas na consolidação dos direitos das crianças e jovens, cuja finalidade dos projetos e a aplicação dos recursos são monitorados e avaliados pelos Conselhos de Direitos. Nessa perspectiva, a solidariedade das pessoas e das organizações impactam diretamente na construção de um mundo mais digno para todos”, destaca. Leia a entrevista na íntegra.
Responsabilidade Social – Como está pautado o trabalho da Rede Marista de Solidariedade?
Jorge Gaio – A Rede Marista de Solidariedade pauta suas iniciativas, programas e projetos em um posicionamento baseado em princípios e diretrizes institucionais e internacionais no campo dos direitos das crianças e jovens. Parte de um conceito de solidariedade focado em um relacionamento humano que muda a vida de todos os envolvidos, num processo que contempla atenção, acolhida, escuta, diálogo, proximidade, cooperação, partilha, comunhão e compreensão da alteridade. Esse posicionamento contempla a análise das causas e contextos que atingem, sobretudo, as pessoas excluídas dos direitos socialmente ratificados pelos organismos internacionais. Nessa perspectiva, a Rede Marista de Solidariedade atua em três focos: na promoção e na defesa dos direitos das crianças e jovens, e na educação para a solidariedade.
A promoção se refere ao atendimento direto a crianças e jovens, propiciando acesso, especialmente, ao direito à educação com qualidade; a defesa abrange todas as iniciativas que visam à incidência política; o terceiro foco busca favorecer a educação para a solidariedade junto aos seus colaboradores. O desenvolvimento desses focos está balizado em documentos internacionais, como a Convenção dos Direitos das Crianças, e nacionais, como o Estatuto da Criança e do Adolescente. A instituição possui status consultivo na Organização das Nações Unidas (ONU), o que amplia o diálogo internacional na temática da defesa de direitos.
RS – Com uma abordagem tão ampla, é possível estimar quantas pessoas são atendidas diretamente?
JG – A Rede Marista de Solidariedade é um conjunto de iniciativas, programas, projetos e ações que perpassam todas as áreas de atuação do Grupo Marista. Essa perspectiva transversal busca potencializar todo o capital humano, os recursos e a excelência voltados à promoção e defesa dos direitos das crianças e jovens. Dessa forma, há uma grande diversidade de iniciativas dentro de cada segmento da instituição. Atualmente, o atendimento direto nas áreas da educação básica, educação profissional, ensino superior e projetos sociais, como a oferta de qualificação profissional para os jovens, abrange cerca de 16 mil crianças e jovens, atendidos de forma contínua.
No âmbito da defesa de direitos, a RMS desenvolve a modalidade do Advocacy em duas temáticas: o direito à educação infantil de qualidade e o acesso à formação no ensino superior, por meio de vários projetos que abarcam produção e disseminação de conhecimento, campanhas, publicações, entre outros, como subsídios para a incidência política.
A Rede também está presente em diversos espaços de articulação, formulação e deliberação de políticas públicas, em nível municipal, estadual e federal. Em Curitiba, mantém o Centro Marista de Defesa da Infância, cujo objetivo é monitorar as políticas públicas do estado do Paraná e desenvolver processos de incidência política.
RS – O Grupo conduziu uma campanha para estimular a dedução de parte do Imposto de Renda (IR) devido em 2012 aos Fundos para a Infância e Adolescência (FIA). Quais as expectativas da Rede para essa ação?
JG – A expectativa da Rede Marista de Solidariedade, desde o início, foi a de fortalecer os FIAs, como instrumentos de promoção e defesa dos direitos das crianças e adolescentes. A campanha do Imposto de Renda Solidário objetiva informar, orientar e mobilizar os contribuintes brasileiros a destinarem parte de seu IR devido aos projetos cadastrados nos FIAs. Os fundos concentram recursos provenientes de várias fontes, e são aplicados exclusivamente na execução de projetos sociais aprovados pelos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente.
A campanha informa e orienta aos contribuintes que a destinação de recursos, estabelecida pela Lei 8.069/90, não traz ônus a quem faz a destinação, já que este valor pode ser abatido do IR. Para entender como funciona: a destinação, se feita até dia 31 de dezembro do ano a que a declaração se refere, para pessoa física pode chegar a dedução de até 6% da declaração completa; no caso de pessoa jurídica, a dedução é de no máximo 1%, para as organizações que declaram pelo sistema do lucro real. Desde 2010, pelo artigo 260 da Lei 12.594, as pessoas físicas passaram a ter a possibilidade de realizar a dedução do IR dentro do prazo estipulado para o envio da declaração de IR (março e abril), porém até o limite de 3%.
Todas as informações podem ser encontradas no site http://www.impostosolidario.org.br. É importante que a sociedade se mobilize para contribuir em rede com novos cenários para as infâncias e juventudes do Brasil. A destinação de parte do imposto para os FIAs é uma das oportunidades seguras e efetivas na consolidação dos direitos das crianças e jovens, cuja finalidade dos projetos e a aplicação dos recursos são monitorados e avaliados pelos Conselhos de Direitos. Nessa perspectiva, a solidariedade das pessoas e das organizações impactam diretamente na construção de um mundo mais digno para todos.
RS – O trabalho desenvolvido pelo Grupo Marista é respeitado em todo o País. Na sua avaliação, a que se deve esse respeito?
JG – O Grupo Marista possui um posicionamento consistente de muitos anos de trabalho junto às infâncias e juventudes, por meio da educação. Em todas as frentes de atuação apresenta processos educativos de qualidade, capazes de promover a autonomia, a emancipação, o protagonismo individual e coletivo dos sujeitos, salientando os valores cristãos, alinhados ao contexto da contemporaneidade.
RS – Quais as metas da Rede Marista de Solidariedade para 2013?
JG – A Rede Marista de Solidariedade priorizou em seu planejamento iniciativas como a intensificação dos processos de sistematização de suas práticas, para contribuir com as instâncias públicas e com as organizações da sociedade civil; o fortalecimento da presença marista nos espaços de articulação e incidência política; o estabelecimento de um conjunto de indicadores de acompanhamento e avaliação das práticas socioeducativas e de gestão; a estruturação de uma proposta curricular para educação em tempo integral, baseada nos direitos da participação infanto-juvenil; o fortalecimento do diálogo com os agentes comunitários e da rede socioassistencial, realizando mapeamento georeferenciado; a ampliação da atuação no campo da educação básica; a intensificação da presença efetiva em organismos de defesa dos direitos, em nível nacional e internacional; e o fortalecimento da formação e acompanhamento dos educadores e gestores que fazem parte da rede.
RS – Qual o seu entendimento do conceito responsabilidade social?
JG – Frente à diversidade de entendimentos acerca do tema, creio que há um posicionamento que deve estar no centro da questão: o desenvolvimento sustentável da sociedade. Isto implica num movimento constante de avaliação dos processos internos das empresas, e no estabelecimento de relações intersetoriais, na perspectiva da promoção de transformações sociais duradouras, pautadas no desenvolvimento humano integral.
Grupo Marista – Site: www.solmarista.org.br
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