
Vivemos um momento conturbado e fascinante da história humana, assustador e estimulante ao mesmo tempo. Diversas crises aparentemente insolúveis se colocam no caminho da humanidade, mas é bom lembrar que, em chinês, o ideograma que representa “crise” é a combinação de dois outros: “perigo” e “oportunidade”. Assim, essas crises nos trazem alguns grandes perigos, ao mesmo tempo em que nos proporcionam belas oportunidades, dependendo de como as encaremos e de como ajamos em relação a elas.
De todas elas, duas se configuram em desafios globais reais e simultâneos que nós temos que enfrentar de modo coletivo e organizado, quanto antes melhor. Juntas, elas possuem o potencial de mudar completamente nosso modo de viver em nosso planeta. São elas o Pico do Petróleo Global e as Mudanças Climáticas.
Sem nos aprofundarmos no mérito de cada uma dessas questões, basta dizer que o pouco conhecido Pico do Petróleo aponta para um declínio permanente na energia disponível para manter o estilo de vida que criamos para nós, e que as Mudanças Climáticas podem por em risco a segurança física e alimentar de grandes populações, em todos os quadrantes do planeta. Para piorar, nosso estilo de vida nos tornou, a nós e às nossas cidades, extremamente vulneráveis a elas, além de nos fazer mais urbanos. Somos hoje no Brasil mais de 80% de habitantes em cidades.
Com o objetivo de dar às cidades e comunidades instrumentos para se preparar para tais desafios, iniciando sua transição para a sustentabilidade, o professor e permacultor inglês Rob Hopkins construiu um plano de mudança chamado Cidades em Transição. Trata-se de um processo de replanejamento participativo das cidades que começa como uma iniciativa de cidadãos comuns e que busca envolver todos os setores da sociedade local – governo, setor privado e cidadãos – para abordar todos os aspectos da vida cotidiana – saúde, educação, transporte, economia, agricultura e energia.
Cidades em Transição começou em 2005, em Kinsale, Inglaterra, virou um movimento em rede, ganhou o mundo e já está em curso em mais de 110 cidades e bairros em 14 países do planeta. Na América Latina, apenas a cidade de El Manzano, no Chile, tem uma iniciativa oficial em andamento.
A estratégia é buscar promover, de modo inclusivo, a relocalização e a resiliência das cidades. Ou seja, reforçar a economia e autossuficiência locais e aumentar a capacidade de resistência e sobrevivência a choques externos, como escassez do petróleo, crises na produção de alimentos, falta de água e energia.
A fim de orientar os cidadãos a iniciar esse processo em suas cidades, Rob Hopkins organizou “Os 12 passos para a transição” e desenvolveu o Treinamento para a Transição, um curso de dois dias em que as pessoas aprendem as ferramentas básicas para começar a mobilizar e transformar suas comunidades. É um curso para mobilizadores e multiplicadores de todas as áreas de atuação, que ganha com a maior diversidade possível de participantes. Ele oferece uma visão positiva do futuro, realista e empoderadora, segundo a qual as pessoas comuns, por meio de seu trabalho, podem mudar a realidade e transformar suas comunidades, transformando o planeta a partir da máxima: “Quando eu mudo, o mundo muda”.
A boa notícia é que ele chega ao Brasil pela primeira vez, e acontecerá em São Paulo, Brasília e Porto Alegre, a partir do dia 10 de agosto de 2009. Fica aqui o convite para que todos aqueles dotados de responsabilidade social e ambiental se informem sobre o curso e os temas que ele aborda e participem do modo que julgarem melhor.
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