
Por José Salvador
Com a globalização, o maior nível de mobilidade e o acesso a informações em tempo real, ficou mais fácil saber o que acontece nas organizações e como esses acontecimentos afetam a sociedade, da qual as partes interessadas (funcionários, clientes, fornecedores, investidores, dentre outros) são integrantes. A responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade é a essência da Responsabilidade Social.
É sabido que as organizações comprometem os seus resultados, dentre outros efeitos indesejáveis, quando não são conscientes de seu papel na sociedade. Há inúmeros casos de empresas que tiveram perdas financeiras severas ao não considerar os impactos de suas decisões e atividades na sociedade. Por exemplo, ao descumprir a legislação, ao assumir comportamento antiético, ao faltar com a transparência ou ao ser cúmplice de práticas contrárias aos direitos humanos.
Por outro lado, organizações que integram a Responsabilidade Social de forma consistente na sua gestão se beneficiam de várias formas. Ao buscar compreender as expectativas das partes interessadas, as oportunidades da responsabilidade social e os riscos da irresponsabilidade social, a organização consegue tomar decisões mais acertadas, aprimora a sua gestão de riscos, melhora a sua reputação e a confiança dos públicos de interesse. Esses e outros fatores advindos da Responsabilidade Social retornam como benefícios para os negócios.
É importante entender que o escopo da Responsabilidade Social vai muito além das ações filantrópicas que uma organização realiza, como doações a instituições beneficentes. Para entender melhor, basta conferir a ISO 26000:2010, que aborda os Princípios, os Temas e as principais Questões para uma gestão com práticas de Responsabilidade Social:
Os princípios que a ISO 26000 recomenda que uma organização respeite são:accountability (prestação de contas e responsabilização), transparência, comportamento ético, respeito pelos interesses dos stakeholders, respeito pelo estado de direito, respeito pelas normas internacionais de comportamento e respeito pelos direitos humanos.
A ISO 26000 relaciona dezenas de questões práticas que uma organização pode abordar. Estas questões estão agrupadas em sete temas: Governança organizacional, Direitos humanos, Práticas de trabalho, Meio ambiente, Práticas leais de operação, Questões relativas ao consumidor e Envolvimento e desenvolvimento da comunidade.
Esses princípios e questões práticas também são refletidos em outras ferramentas que buscam auxiliar as empresas na adoção de diretrizes para uma gestão socialmente responsável, como o GRI (Global Report Initiative), Indicadores Ethos, NBR 16001,entre outros.
A Responsabilidade Social tem ganhado cada vez mais importância e destaque nas organizações. Como todo assunto estratégico, é fundamental que a Responsabilidade Social seja gerenciada de forma adequada, assim como as outras áreas relacionadas à gestão: Qualidade, Finanças, Recursos Humanos, entre outros.
Com uma gestão eficiente integrada à Responsabilidade Social, haverá ganhos não apenas para a organização, mas também para as partes interessadas, contribuindo para um bom relacionamento e a legitimidade da organização na sociedade. Além disso, o mais importante, a organização será vista como um agente positivo para o desenvolvimento sustentável.
José Salvador é auditor líder de sistemas de gestão da qualidade, gestão ambiental e gestão da responsabilidade social. Foi o Chefe da Delegação Brasileira e membro do ISO/TMB WG SR (Grupo de Trabalho da ISO) no processo de elaboração da ISO 26000, a Norma Internacional sobre Responsabilidade Social. É também Coordenador da ABNT/CEE RS, responsável pela elaboração e revisão das Normas da série NBR 16000. Artigo originalmente publicado no site da FIESP.
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