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A caixa preta da história

setembro 10, 2020 by admin Leave a Comment

Rudolfo Lago

Rudolfo Lago

Por Rudolfo Lago

Que dores, que sofrimentos, que absurdos, que ignomínias, guardam a grande caixa preta da história, que os militares brasileiros buscam esconder com tanto afinco? Por que tanto empenho em impedir a sociedade de saber o que de fato aconteceu nos 21 anos em que o país viveu sob o manto da ditadura militar?

Nas duas últimas semanas, estive no centro dessa discussão. De empoeirados envelopes de papel pardo esquecidos na Comissão de Direitos Humanos, eu e a equipe de política do Correio Braziliense retiramos alguns fragmentos da história desse período. O que se viu em seguida fugiu de qualquer previsão. Militares entre o ódio e o atordoamento. Provocando uma das maiores crises enfrentadas até agora pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma discussão que a contra-inteligência procurou reduzir a mero debate sobre a identidade de um homem em algumas fotos. Mas que, ao final, ensejou, pela primeira vez, uma análise concreta e positiva sobre a possibilidade de, afinal, se abrirem os arquivos que as Forças Armadas guardam sobre a sua ditadura.

Os arquivos entregues à Comissão de Direitos Humanos pelo cabo José Alves Firmino revelam importantes aspectos do período de regime militar. Uma inédita contabilidade de mortos no Doi-Codi de São Paulo, um dos mais importantes centros da repressão movida na época aos partidos e movimentos de esquerda. Fichas completas de presos políticos. Um telegrama do ex-ministro do Exército Sylvio Frota recomendando moderação aos organismos de repressão para evitar a criação de um mártir. Evidências do envolvimento militar nas atividades da sociedade civil, até para eleger um presidente da seção do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

Provas da infiltração em partidos de esquerda, como o PT e o PCB.
E três fotos polêmicas, sem qualquer identificação. Três fotos que julgamos ser do jornalista Vladimir Herzog, morto nos porões do Doi-Codi em outubro de 1975. Com as fotos nas mãos, procuramos buscar comprovar a sua identidade. Buscamos amigos e conhecidos de Herzog. Que confirmavam a semelhança, mas sem segurança absoluta. Até que conseguimos contato com a viúva do jornalista. Clarice Herzog não teve dúvidas. Teve certeza absoluta de que se tratava de seu marido. Confiamos na sua segurança. Que não se abalou por dez dias. Até receber em sua casa os ministros da Secretaria de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, e do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Félix. Nesse momento, acabou-se toda a convicção de Clarice. Segundo ela, o homem tinha uma “semelhança macabra” com Vladimir Herzog, mas não era seu marido.

Não sabemos o que convenceu Clarice. As fotos mostradas a ela foram mostradas a outros jornalistas. Mas sistematicamente negadas ao Correio. Uma circunstância das mais curiosas, uma vez que foi o jornal que iniciou a polêmica. Clarice disse que confundiu manchas de uma fotografia antiga com pelos nos peitos e nas pernas do homem que aparecia nas fotos. Assim, confundiu seu marido com um homem glabro, praticamente sem pelo algum, o padre canadense Leopold D’Astous. Curioso. Na foto em que o homem aparece de frente – aquela que Clarice tinha certeza de ser de seu marido – os pêlos são evidentes. É curioso também que o governo tenha deixado a polêmica arrastar-se por uma semana até mostrar as fotos para Clarice. Se tão rapidamente poderia ter desfeito a dúvida. Curioso mesmo.

O fato é que reduzida a discussão a isso, outros documentos encontrados nos arquivos de Firmino passaram quase em branco pelo restante da imprensa. Como uma lista de arapongas com nome, sobrenome, patente e codinome. As informações que chegaram ao jornal é de que essa foi a matéria que mais incomodou aos militares. Alguns soldados que ainda estão na ativa ficaram extremamente constrangidos de verem seus codinomes e sua atividade de araponga estampados nas páginas.

A primeira nota do Exército, que falava em revanchismo e justificava atos violentos contra opositores do regime militar mostrou com sinceridade como antigos sentimentos não condizentes com a democracia ainda vicejam no meio militar. O esforço criado em seguida para buscar desqualificar a reportagem do Correio demonstra a dificuldade que mesmo um governo de esquerda tem em lidar com o tema. Todo o cuidado demonstrado diante da possibilidade de abrir os arquivos da ditadura evidencia que as feridas daquele período não cicatrizaram. Por quê? O que estará gravado, afinal, na caixa preta da história?


Rudolfo Lago é editor de política do jornal Correio Braziliense

Também nessa Edição :
Perfil: Ben Cohen
Entrevista: Jaime Pinsky
Notícia: Jornalismo em debate
Notícia: União contra o trabalho escravo
Notícia: Consumo consciente (2004/11)
Notícia: O que deu na mídia (Edição 26)
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Filed Under: Artigo

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