A entrevistada desta edição da revista eletrônica www.RESPONSABILIDADESOCIAL.COM é a gerente da Fundação O Boticário, Maria de Lourdes Nunes. Ela está à frente da segunda iniciativa privada mais importante em termos de conservação e fonte nacional de projeto financiados em Meio-Ambiente no Brasil, segundo o Relatório Nacional para a Convenção da Diversidade Biológica do Ministério do Meio Ambiente. Perde apenas para a FAPESP, órgão oficial de apoio à pesquisa do Governo de São Paulo. Criada em 1990, a Fundação O Boticário já destinou, até dezembro de 2001, aproximadamente US$ 4,8 milhões em recursos financeiros para o desenvolvimento de mais de 860 projetos aprovados. Conheça na entrevista abaixo os principais objetivos atuais e futuros da Fundação, e também a aplicação dos seus projetos em meio ambiente por todo o país.
1) Responsabilidade Social – Qual a proposta de atuação da Fundação O Boticário? Fale um pouco sobre a sua criação.
Maria de Lourdes Nunes – A responsabilidade social de O Boticário é estratégica na gestão de negócios. A empresa entende que pode contribuir para a transformação da sociedade não apenas gerando riqueza empresarial, mas agindo de modo que o desenvolvimento possa ser transformado em benefícios para todos. Dentro desta política de responsabilidade social e investimento social privado, destina 1% de sua receita líquida para este fim, sendo que 80% deste valor estão reservados para as ações da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. A Fundação O Boticário de Proteção à Natureza foi criada em 1990, a partir do compromisso do grupo O Boticário em contribuir efetivamente com a conservação da natureza, com a missão de promover e realizar ações de conservação para garantir a vida na Terra. A Fundação O Boticário é uma entidade sem fins lucrativos, com autonomia administrativa e financeira, destinada a patrocinar e realizar projetos conservacionistas.
2) RS – Quais projetos a Fundação O Boticário tem na área de Responsabilidade Social?
MLN – A Fundação O Boticário atinge seus objetivos por meio de seus três programas: Incentivo à Conservação da Natureza, Áreas Naturais Protegidas e Educação e Mobilização. O Programa de Incentivo à Conservação da Natureza patrocina projetos relacionados à criação, implantação e manutenção de unidades de conservação; proteção da vida silvestre; pesquisas em conservação da natureza; recuperação de ecossistemas; criação e implantação de áreas verdes; ações de conscientização e educação ambiental. Os projetos são desenvolvidos por pesquisadores, universidades e organizações ambientalistas em todo o Brasil. As propostas de projeto podem ser apresentadas duas vezes ao ano e em formulários disponibilizados pela própria Fundação. As propostas são avaliadas por um corpo de 80 consultores voluntários (professores universitários, pesquisadores de instituições públicas, técnicos especialistas de organizações governamentais, etc. de todo o país) e selecionadas pelo Conselho de Administração da Fundação. Até o dezembro de 2001 já foram destinados aproximadamente US$ 4,8 milhões em recursos financeiros para o desenvolvimento de mais de 860 projetos aprovados. Com base apenas nos seus primeiros cinco anos de atividades, a Fundação O Boticário foi citada pelo Ministério do Meio Ambiente no Relatório Nacional para a Convenção da Diversidade Biológica como a segunda fonte nacional em número de projetos financiados, perdendo apenas para a FAPESP, órgão oficial de apoio à pesquisa do Governo de São Paulo. O Programa de Áreas Naturais Protegidas tem por objetivo preservar importantes áreas naturais para proteger a biodiversidade brasileira. A primeira ação deste programa é a implantação da Reserva Natural Salto Morato, uma área com 2.340 hectares, situada em Guaraqueçaba, litoral norte do estado do Paraná. Embora represente apenas 0,7% do município de Guaraqueçaba e 0,6% da APA de Guaraqueçaba, a Reserva protege um significativo remanescente de Floresta Atlântica e também conta com infra-estrutura para pesquisa científica, educação ambiental e recreação ao ar livre. Desde sua inauguração em 1996, mais de 45 mil pessoas já visitaram a área. A Reserva é modelo de Unidade de Conservação no Brasil. Face à esta realidade, a Fundação implantou na Reserva um Centro de Capacitação Técnica. Em cinco anos, mais de 1000 pessoas foram capacitadas. A fim de disseminar conhecimentos, valores e atitude conservacionistas, a Fundação desenvolveu um terceiro programa – Educação e Mobilização – que engloba diversas atividades relacionadas a estes temas. A Fundação O Boticário atua na capacitação em conservação da natureza, através de cursos ministrados na Reserva Natural Salto Morato. Na linha editorial, a Fundação já patrocinou a publicação de vários livros e livretos. Além de vários conjuntos de painéis para cada tema, destinados à exposição em escolas shopping centers e salões de atividades comunitárias, que provocam um fluxo contínuo de público interessado. O apoio e a participação em eventos técnico-científicos ambientalistas e do terceiro setor tem sido uma forma constante para suas ações atingirem um maior número possível de interessados na conservação do meio ambiente.
3) RS – Quanto a Fundação investiu nesta área em 2002 e quanto pretende investir neste ano (2003)?
MLN – Nosso orçamento para 2003 está em R$ 5.651.105. Em 2002, utilizamos R$ 3.358.883,00 nas ações da Fundação.
4) RS – Na sua opinião, como andam os investimentos em preservação do Meio Ambiente no país – tanto por parte do governo, quanto por parte da iniciativa privada?
MLN – De modo geral, não são priorizados, talvez por falta de entendimento de que não há como separar as questões ambientais de nossa existência e de que sim, somos responsáveis por todas as formas de vida atuais e futuras e por encontrar uma maneira de nos desenvolvermos sem esse alto custo para o meio ambiente.
5) RS – O que a senhora entende por Responsabilidade Social?
MLN – É o compromisso ético de nos relacionarmos com todos os outros atores (sociedade, meio ambiente, governo, futuras gerações…) de forma que todos ganhem, assumindo nosso papel na construção de um país melhor para todos.
6) RS – Como a senhora avalia a atuação do Terceiro Setor no Brasil? Que iniciativas podem ser tomadas para otimizar os resultados nesse setor?
MLN – O setor está crescendo, mas para otimizar os resultados é importante que as ações e intervenções sejam planejadas com base nas causas das grandes questões do país e de forma a poder transformá-las, mesmo que em âmbito local.
7) RS – Quais são os objetivos futuros da Fundação O Boticário?
MLN – Ampliar sua atuação regional e multiplicar seus projetos de sucesso, ao mesmo tempo em que trabalhamos um modelo de gestão que garanta a otimização de recursos, projetos de maior impacto para a conservação da natureza e a sustentabilidade da instituição.
Site: www.fundacaoboticario.org.br
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