
Chegou ao Brasil neste mês o movimento “Fuck Cancer”. Trata-se de uma organização não-governamental fundada em 2009 por Yael Cohen, em Vancouver, no Canadá. A diretriz é capacitar e mobilizar jovens com idades entre 17 e 35 anos para atuarem como disseminadores de informações sobre a prevenção ao câncer.
“O câncer no Brasil ainda é um assunto ‘tabu’”, destaca Paulo Al-Assal, embaixador-executivo do movimento no país, onde devem surgir mais de 518 mil novos casos da doença em 2012, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca).
Além do Canadá, as ações da instituição também são realizadas nos Estados Unidos, por exemplo. No Brasil, a iniciativa atuará nacionalmente com ações educacionais voltadas à detecção precoce da doença e prevenção. De acordo com Al-Assal, espera-se que os jovens, também conhecidos como Geração Y, possam influenciar pais e avós a investirem em check ups periódicos e em um estilo de vida saudável.
“Há cinco anos convivo de perto com a doença, pois minha mãe luta contra o câncer. Aprendi muito com essa experiência horrorosa e depois de estudar a atuação de várias ONGs sobre o tema, deparei-me com o trabalho singular do movimento ‘Fuck Cancer’”, diz.
Desde que foi fundado, o movimento chamou a atenção para a causa e levantou cerca de US$ 1 milhão, que foram destinados a iniciativas de detecção precoce da doença. Na entrevista, Paulo Al-Assal explica como o movimento atuará no Brasil e as metas para 2012. Acompanhe.
1) Responsabilidade Social – O senhor trouxe para o Brasil o movimento “Fuck Cancer”. Qual a principal proposta da iniciativa?
Paulo Al-Assal – A principal proposta é capacitar e mobilizar brasileiros da Geração Y a atuar como disseminadores de informações sobre a importância da detecção cedo e da prevenção ao câncer. O câncer no Brasil ainda é um assunto “tabu”. Se pudermos fazer com que se torne um assunto corrente nas famílias, da mesma forma que nossos pais falaram com a gente sobre o sexo, tenho certeza que esse “tabu” diminuiria muito e teríamos muito mais pessoas fazendo exames para ver se está tudo bem.
2) RS – Entre as propostas da iniciativa está mobilizar jovens para atuar como disseminadores de informações. Quais as estratégias da organização para estimular a comunidade a cooperar com esse processo?
PA – Falaremos com os jovens por meio das redes sociais, hotsite, Facebook, Twitter e o boca a boca. Além disso, o movimento já tem alguns produtos licenciados com a marca “Fuck Cancer” ou a “F_Cancer’ (censurada) para disseminar a mensagem no varejo. Temos a licença para fabricar esses produtos aqui no Brasil e devemos conquistar parceiros no varejo para vender. A ideia é arrecadar fundos para investir de volta no movimento global. Tratam-se de camisetas, bolsas, adesivos, chaveiros, entre outros produtos.
3) RS – Quais as ações serão realizadas no Brasil neste ano?
PA – Primeira ação será um evento de lançamento em São Paulo. No futuro, devemos firmar parcerias em outros Estados e replicaremos o evento em outras cidades. Além disso, estamos traduzindo o portal do “Fuck Cancer (http://www.letsfcancer.com) para o português.
Realizaremos várias campanhas ao longo do ano. A primeira será a “Câncer Talk”, uma ação realizada no Canadá, que reuniu celebridades e pessoas influenciadoras da Geração Y para falarem sobre a importância da realização periódica de exames. Trabalharemos com marcas bacanas que têm como target a Geração Y para venderem com o “Fuck Câncer” os produtos licenciados da marca.
4) RS – Qual o maior objetivo do “Fuck Cancer” no país para 2012?
PA – O maior objetivo é atingir o máximo número de pessoas com a nossa mensagem. Se uma vida for salva, entre as várias que infelizmente serão diagnosticadas com câncer, por causa da nossa organização, já ficarei feliz. Mas tenho certeza que serão muito mais do que apenas uma. Vamos focar no crescimento da marca no país para que possamos disseminar a mensagem para o maior número de pessoas que conseguirmos.
5) RS – Qual o seu entendimento do termo ‘responsabilidade social’?
PA – Acho que estamos vivendo em um momento histórico. Positivamente e negativamente. Negativamente pelo fato de não mais acreditarmos nas instituições que teoricamente deveriam nos servir de “norte” e fazer as coisas acontecerem, como o governo, por exemplo. Positivamente, porque cansamos de esperar e viramos protagonistas dessa nova era. Esse protagonismo das pessoas, ou seja, o “arregaçar as mangas” e fazer ao invés de esperar, é que está fazendo a diferença.
Com o avanço da tecnologia, esse protagonismo fica ainda mais poderoso, e a consciência de que devemos e podemos fazer pela nossa comunidade e pelos outros fica ainda mais forte. Isso para mim é que é a verdadeira responsabilidade social. Todos nós podemos e devemos fazer alguma coisa, qualquer que seja a ação, para realmente transformarmos não necessariamente o mundo, pois é difícil, mas pelo menos as comunidades mais próximas de nós.
Hoje, já não esperamos isso apenas do governo. Esperamos isso principalmente das marcas, da iniciativa privada. Nossa relação com as empresas mudou muito nesses últimos anos. Atualmente, é uma relação pautada pela transparência, ética e integridade. Os mesmos valores que esperamos das pessoas, buscamos nas marcas. Marcas não engajadas em movimentos de responsabilidade social, estão com seu futuro comprometido.
Movimento Fuck Cancer – Telefone: (11) 5182-1806
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