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“Por que a gente é assim?”

January 18, 2021 by admin Leave a Comment

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Por Regina Novaes

Este é o título de uma música do Barão Vermelho. Na letra, Cazuza e seus parceiros falam de afetos, de encontros e desencontros amorosos. Mas, esta mesma pergunta provoca também respostas sobre o Brasil. Neste caso, a “gente” somos nós, brasileiros, ora depreciados, ora exaltados. Como certa vez formulou Roberto Schwarz, no debate sobre a identidade nacional têm lugar de destaque as “relações brasileiras entre a informalidade e a norma” o que ”dependendo do ponto de vista, funciona como um defeito de fábrica ou como um presente dos deuses”.

Na ala da depreciação, ou como principal defeito de fábrica, vem a índole do “nosso povo” que não valoriza o estudo, que é preguiçoso, que não sabe votar, que é supersticioso, que se deixa manipular por políticos populistas ou líderes religiosos mal intencionados. A corrupção reina absoluta e o brasileiro não reage. As justificativas vão da colonização portuguesa à nossa localização geográfica abaixo da linha do Equador. A “gente é assim” por conta das misturas raciais, da formação social, da artificialidade da Independência, da fraqueza das instituições, do “atraso” do Nordeste, da debilidade da sociedade civil, da privatização do Estado.

Na ala da exaltação, ou como presente dos Deuses, na Comissão de frente vem o “caráter nacional” definido na interação aberta e igualitária entre brancos, negros e índios, como explicou já Gilberto Freire. Para comprovar a boa mistura das três raças temos o samba, o carnaval, no futebol.

A “miscegenação” ajudou a explicar “o jeitinho brasileiro”, a alegria nata. Mais tarde, nossa capacidade de processar as diferenças levou “a diversidade brasileira” a ser percebida como uma condição básica para negociações étnicas e para a chamada tolerância religiosa. E, em pleno século XXI, frente às crises econômicas e guerras religiosas mundiais, há estudiosos europeus que vêem no sincretismo um dom que o Brasil atual pode oferecer o mundo globalizado.

Sem dúvida, esta é uma das poucas perguntas que se faz presente, ao mesmo tempo, tanto nas conversas cotidianas quanto nos debates acadêmicos. Em tempos de novas tecnologias de informação e comunicação, era de se esperar que a mesma pergunta também chegasse às áreas da produção cultural multimídia. Não por acaso, a pergunta Por que a gente é assim? foi retomada recentemente por um Projeto de Comunicação que se propõe a discutir as escolhas e os comportamento dos brasileiros de hoje.

Batizado com esta pergunta, o Projeto não só considera as novas maneiras de criação que a tecnologia oferece na TV e na Web (site, Twiter, facebook, etc…) como também, neste novo contexto, contempla o teatro de rua. Tudo isto para compreender com quais valores os brasileiros se movem frente a temas que envolvem fé, autoridade, consumo, preconceito, educação, sexo.

Logo no início do Projeto, formou-se um Conselho com pessoas – de diferentes gerações e ocupações – dispostas a conversar sobre o assunto. Faço parte deste Conselho e, já nas primeiras reuniões, pude perceber os “sinais dos tempos” que fazem envelhecer rapidamente os correntes veredictos sobre “os jovens brasileiros de hoje”.

Isto ficou muito claro quando, por meio da Internet, se convocou realizadores de todo país para propor documentários de curta metragem sobre os temas do Projeto. Vieram muitas e instigantes propostas de diferentes pontos do país. Tais propostas deixaram evidente a existência de redes sociais que podem ser acionadas por Projeto como este.

Algumas propostas de documentários ajudam a exemplificar o ritmo e o sentido das respostas obtidas. No Brasil de hoje, entre a informalidade e a norma, há novas e criativas interações. Em um país que muito se fala em privatização do espaço público, jovens desta geração, que nasceu pós-descoberta da ecologia, organizam um passeio ecológico criando estratégias públicas para se apropriar de espaços privados.

Em outro documentário, uma prostituta faz referências literárias eruditas para contar que ganha a vida fazendo programas e que, também, é chamada para dar aulas sobre sexualidade e transgêneros para professores da rede pública de ensino. Desta forma, entre o Caxias e o malandro, como bem caracterizou Roberto da Matta, outras referências se impõem para compor o que é “ser brasileiro”.

O Nordeste está sul e vice-versa. Sem dúvida, mais do que nunca os referenciais históricos da identidade nacional – sejam eles vistos como defeitos de fabricação e/ou como presentes dos deuses – misturam-se tanto com referências globalizadas veiculadas pelos meios massivos e pelos novos meios digitais. Distintos meios e linguagens precisam ser usados para ampliar o conhecimento e provocar reflexão sobre a diversidade brasileira.

Até mesmo porque já vivemos um momento de novos desdobramentos das conquistadas identidades “politicamente corretas”. No Projeto Por que a gente é assim? documenta-se o preconceito gay que se manifesta entre gays que já são vítimas do preconceito assim como registram-se opiniões de jovens cegos que acabam por questionar o ideário da “educação inclusiva”, e a classificação genérica de “pessoas com deficiência”, pois querem estar entre cegos, reafirmando a especificidade desta identidade.

E tem muito mais, o Projeto acredita que a boa comunicação não idealiza nem é condescendente. Seus realizadores, sem pretender chegar a sínteses teóricas ou a conscientizações práticas, escolheram esta pergunta para provocar e renovar o debate sobre as idéias e os comportamentos dos brasileiros. Na prática, por meio desta pergunta estão sendo recolhidas outras tantas indagações que revelam o Brasil de hoje. Mas também não é só isto. Na rua ou na web, ainda há o objetivo de “plantar” intervenções. Vale a pena conferir e intervir. Para começar, é só digitar: Por que a gente é assim?


Regina Novaes é antropóloga, conselheira do “Por que a gente é assim?”, especializada na área de infância e juventude. Também é pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e consultora do Instituto Brasileiro de Análises Socioeconômicas (Ibase).

Também nessa Edição :
Perfil: Cláudio Stucchi
Entrevista: Adriana Gribel
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Filed Under: Artigo

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