
Empresa de informática de Novo Hamburgo contrata funcionário com deficiência auditiva e valoriza o respeito à diversidade
Com dezesseis anos de atuação, a Defferrari, empresa especializada no desenvolvimento de sistemas de Tecnologia da Informação voltados para área da saúde, deu início a contratação de pessoas com deficiência. Mesmo tardia, a iniciativa da entidade instalada no município de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, dá mostras da busca pela inclusão social e abre espaço para os funcionários exercitarem diariamente o respeito às diferenças.
O primeiro empregado a ser contratado é o desenvolvedor de Web, Ismael Lizakoski, deficiente auditivo desde a infância. Atualmente, ele assume funções de desenvolvimento Web para sites e sistemas, utilizando linguagem JAVA, PHP e ASP.
“O termo deficiente aqui na empresa fica do lado de fora da porta. O importante é que cada um seja capaz de realizar a atividade a que está designado”, pontua Marco Defferrari, sócio da instituição. O empresário garante que a iniciativa é muito importante para a corporação, pois, além da inclusão social que se estabelece, mostra aos outros colaborados que diversas barreiras pessoais e profissionais podem ser superadas para o sucesso profissional. “O Ismael é um exemplo de esforço dentro de nossa equipe”, diz.
O empresário é contrário a Lei das Cotas, que obriga grandes empresas a reservarem entre 2% e 5% das vagas para pessoas com deficiência. Para ele, algumas pessoas com necessidades especiais são contratadas apenas em função da legislação. “E mais, acho que algumas vezes elas ficam mais marginalizadas por causa disso”, diz. Segundo o empresário, uma boa forma de remediar o problema é o governo, a iniciativa privada e a sociedade civil unirem forças. “O governo deve dar treinamento específico, dependendo da deficiência, a determinadas funções ou aptidões e dar incentivos fiscais para quem emprega esse profissional. Já as empresas precisam dar condições de tratamento igual e a sociedade deve buscar eliminar o preconceito”, pontua.
“Muitas empresas ainda não selecionam pessoas com deficiência, porque não estão capacitadas para compreender essas diferenças. Pessoas com alguma deficiência têm capacidade de aprender como qualquer outra, mas precisam de espaço para desenvolver suas capacidades. É uma questão de respeito mútuo e de estar aberto para conhecer uma nova realidade”, completa Ismael Lizakoski.
Além da contratação de pessoas com deficiência, a entidade também presta serviços voluntários para a Associação de Pais e Amigos dos Expecionais (Apae) da cidade e para a Associação de Assistência ao Menor em Oncologia (AMO). O apoio visa facilitar a organização eletrônica e a disponibilizarão na internet de todo o material recebido por doação, o que amplia a visibilidade e a rede de relacionamento dessas organizações. “Esse projeto social traz, como contrapartida, a gratificação por podermos ajudar no desenvolvimento e organização de instituições tão importantes”, destaca o sócio da empresa.
A Apae realiza ações de defesa de direitos, prevenção, orientação, prestação de serviços e apoio ás famílias às pessoas com deficiência mental ou múltipla. Já a Amo é uma entidade de gestão no tratamento do câncer infantil, que promove atendimento multidisciplinar para proporcionar uma melhor qualidade de vida para as crianças e seus familiares.
Bons exemplos
Por todo o país, somam-se iniciativas em prol da inclusão social. No final de maio, por exemplo, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou projeto que destina 10% das vagas nos estabelecimentos públicos de ensino médio e superior para pessoas com deficiência. O texto ainda passará pelo Senado.
Também no mês de maio foi lançado o “Guia dos Direitos da Pessoa com Deficiência”, fruto de encontros regulares do Instituto Paradigma com familiares de pessoas com deficiência e lideranças comunitárias da periferia de São Paulo e região do ABC paulista. Disponível para download no site do instituto – http://www.institutoparadigma.org.br – o guia tem como meta principal organizar um processo de educação popular para levar ao maior número possível de pessoas, informações acerca dos direitos sociais das pessoas com deficiência.
Outro exemplo é o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), de Porto Alegre (RS), que desde o início do ano emite contas de água em braille. Os usuários com deficiência visual cadastrados recebem, sem custo extra, no local solicitado, dois documentos ao mesmo tempo: o demonstrativo tradicional, impresso em tinta, com código de barras para pagamento em bancos e lotéricas, e a conta em alto-relevo.
Vale destacar, ainda, a iniciativa da Sociedade Beneficente de Anchieta (SBA), que por meio do Movimento Re(ha)bilita, do Rio de Janeiro, desenvolve projeto social voltado para alfabetização funcional de deficientes mentais analfabetos. O coordenador técnico da entidade, Mário Filho, explica que o intuito é viabilizar o desenvolvimento desses cidadãos, levando-os a adquirir as técnicas de leitura, escrita e cálculo. “Queremos que eles conheçam seus direitos e deveres e as melhores formas de participação comunitária”, destaca.
Para a execução do projeto são avaliadas, as limitações cognitivas causadas pela deficiência, a necessidade de uma atenção especial e o uso de uma metodologia diferenciada. Também são observadas a idade dos participantes e a experiência fracassada na escola regular.
Defferrari Informática – Telefone: (51) 3375-5800; Instituto Paradigma; Sociedade Beneficente de Anchieta (SBA) – Telefone: (21) 2266-3067 / 2266-6724 e Departamento Municipal de Água e Esgotos
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