Pneus feitos com 100% de borracha natural, sem adição de derivados de petróleo
Catálogo eletrônico estimula maior responsabilidade dos consumidores e instituições no uso de seu poder de compra
Os consumidores preocupados com o impacto de suas escolhas no meio ambiente têm agora uma ferramenta a mais para nortear suas compras. Trata-se do Catálogo de Produtos e Serviços Sustentáveis, desenvolvido pelo programa de Consumo Sustentável do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (GVces), com apoio do Banco Real.
O portal, que registra mais de 13 mil acessos de abril para cá, reúne centenas de produtos e traz, além da descrição de cada um deles, seus fornecedores e suas características ambientais. Os dados estão divididos em várias categorias, como veículos, pneus, móveis, alimentos, artigos de escritório, suplementos agrícolas e equipamentos de refrigeração e são frutos de pesquisas realizadas entre os anos de 2006 e 2007.
“O Catálogo é uma plataforma educativa que tem como objetivo promover o consumo racional e eficiente por meio da divulgação de produtos e serviços sustentáveis. O nosso propósito é informar os consumidores institucionais, entre eles governos e empresas, e também o público em geral sobre as relações entre consumo e meio ambiente. Para isso, o consumidor terá às informações sobre a matéria-prima, o processo produtivo, a legislação pertinente e impactos ambientais associados à produção e ao consumo de bens e serviços”, destaca Luciana Betiol, que monitora o Programa de Educação Continuada da FGV.
Entre os critérios utilizados para inclusão dos produtos no site, estão o uso de combustível renovável, eficiência energética, destinação final ambientalmente adequada e redução do consumo de água. “Nesse primeiro momento, quando a produção sustentável ainda é incipiente no país, optamos por incluir produtos que preencham ao menos um dos critérios por nós definidos. Com o tempo, será possível exigir no mínimo dois, três, quatro ou mais”, explica.
Ainda segundo Luciana Betiol, hoje os parâmetros para avaliação dos produtos têm o foco exclusivamente ambiental, mas a idéia é utilizar outras variáveis futuramente. “Estamos elaborando os critérios que também respeitem aspectos sociais como saúde, educação e emprego, comunidades tradicionais, entre outros”, adianta.
A implantação do catálogo verde atende uma necessidade do mercado brasileiro. Segundo pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto Akatu, 77% dos entrevistados têm muito interesse em saber como as empresas tentam ser socialmente responsáveis. Mas, embora atentos, os consumidores nacionais ainda não são tão ativos na hora de decidir uma compra. O estudo apontou que apenas 24% pensaram em premiar ou efetivamente premiaram as companhias socialmente responsáveis. Outros 27% consideraram a hipótese de punir ou efetivamente puniram empresas que, em sua opinião, não eram socialmente responsáveis, deixando de comprar produtos ou criticando a empresa para outras pessoas.
Para a pesquisadora da FGV, essa discrepância pode ser explicada facilmente. “Estamos acostumados a comprar determinados produtos ou marcas por um costume ou até tradição familiar, e mudar padrões de comportamento depende tanto de tempo para consolidar uma readequação de comportamento, quanto de conhecimento mínimo da importância de efetivamente realizar essa mudança, internalizar esse conhecimento, e não ficar apenas no discurso”, observa.
Ainda segundo ela, outra questão relevante é a falta de facilidade de acesso a produtos ambientalmente mais adequados, tema que engloba tanto o aspecto espacial quanto financeiro. “Não é possível encontrar em todas as gôndolas dos mais diversos distribuidores esses produtos diferenciados. Também ainda não são acessíveis financeiramente para todas as pessoas”, explica.
Mas, em sua avaliação, o Brasil já registra uma mudança positiva nos hábitos de consumo. “Existem algumas pesquisas nesse sentido, especialmente com produtos orgânicos que vêm tendo aumento na taxa de vendas de 25% ao ano em seu consumo”, citando uma pesquisa da Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD). “E o portal pode ser um indutor de boas práticas, sendo uma vitrine de produtos menos impactantes ao meio ambiente, estimulando os concorrentes a adequar-se a esse novo padrão exigido pelo consumidor consciente fomentando um círculo virtuoso no caminho da produção e consumo sustentáveis”, completa.
Informação e Formação
Além de oferecer alternativas mais sustentáveis no mercado de bens e serviços, o portal também capacitará profissionais responsáveis por compras e contratações em empresas, governos e outras organizações. A formação será por meio de cursos interativos, disponíveis em área restrita, que contarão com modernas ferramentas disponíveis para transmissão de conteúdos.
A capacitação terá dois públicos com focos diferentes: pessoa física e pessoa jurídica. No último caso, o curso buscará dar instrumentos para a efetivação da denominada licitação sustentável e terá aulas diferenciadas para empresas públicas e privadas, dividas em quatro módulos.
Catálogo de Produtos e Serviços Sustentáveis – Tel.: (11) 3281-3342 / 3281-3410
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