
Projeto da empresa mineira Plantar
Relatório feito por cientistas da ONU conclui que os efeitos do aquecimento da Terra são irreversíveis nos próximos 100 anos. Na busca por minimizar a situação, surge novo e promissor mercado – o de Crédito de Carbono.
O relatório do Painel Intergovernamental das Alterações Climáticas (IPCC em inglês) da ONU, divulgado no início do mês concluiu que o aquecimento global e as mudanças climáticas chegaram num ponto sem retorno. Segundo o documento, produzido por mais de 600 especialistas de 40 países, a temperatura da atmosfera subirá mais 1,8ºC além do 0,76ºC já escalado desde os tempos pré-industriais, podendo alcançar 4ºC até o fim deste século.
A nova marcação no termômetro trará conseqüências danosas para a terra. Entre os efeitos, está a elevação do nível do mar, aumento da intensidade de furações e tufões, além de tempestades e secas com mais freqüência. O IPCC, o mais respeitado documento sobre o tema, não deixa dúvidas sobre as principais causas desse cenário sombrio: a queima de combustíveis fósseis para gerar energia (em especial petróleo e carvão) e o desmatamento em larga escala. Segundo o relatório, há uma concentração inédita de gases do Efeito Estufa na atmosfera, como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nítrico (N2O). Em 2005, havia mais CO2 no ar (379 partes por milhão) do que a média dos últimos 650 mil anos.
Esses números indicam que para evitar o pior cenário em 2100 – um aumento superior a 4ºC na temperatura global – a humanidade deve reduzir pela metade a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) para este século. Tarefa ousada, mas lucrativa. Isso porque o aumento da temperatura do planeta foi um dos responsáveis pelo surgimento de um novo mercado: o de crédito de carbono, que deve se tornar o mais disputado mecanismo de pagamento por serviços ambientais em todo mundo.
Criado em 1997, a partir do Protocolo de Kyoto, o mercado permite que empresas de países desenvolvidos compensem suas emissões de gases tóxicos financiando Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) em países emergentes. “Quem emite menos gases na atmosfera, vende créditos de carbono para quem usa mais”, simplifica o superintendente de Vendas Sócio-Ambientais do ABN Amro e especialista no assunto, Maurik Jehee.
Atrás somente da Índia e China, o Brasil tem demonstrado expertise nesse ramo. Segundo dados do Ministério de Ciência e Tecnologia, em termos de reduções de emissões projetadas, o país é responsável pela redução de 195 milhões de toneladas de CO2, o que corresponde a 8% do total mundial. A China ocupa o primeiro lugar com 1.056 milhões de toneladas de gás carbônico (43%), seguida da Índia com 548 milhões de toneladas de CO2, o equivalente a 22%. Já em número de projetos registrados pela ONU, a participação do Brasil é ainda melhor. Do total de 428 trabalhos, 88 são brasileiros, o que posiciona o Brasil em segundo lugar, sendo o primeiro a Índia (146) e, em terceiro, o México (72).
Em ação
A empresa mineira Plantar colocou em prática o primeiro projeto de aproveitamento de carbono de floresta plantada, com metodologia aprovada pela ONU. Com a iniciativa, a Plantar vendeu em 2002 para o Banco Mundial 1,5 milhão de toneladas de gás carbônico, somando para empresa uma receita adicional de US$ 5 milhões.
Esse é apenas um dos três projetos desenvolvidos pela empresa em parceria com o Fundo de Protótipo de Carbono do Banco Mundial. O segundo, também já aprovado, trata da redução de gás metano na produção de carbono vegetal, causador do Efeito Estufa, e o último refere-se à produção de ferro-gusa utilizando carvão vegetal no lugar do carvão mineral, o que também vai gerar créditos de carbono para a empresa. “A expectativa é vender até 2029, 12,8 milhões de toneladas de gás carbônico com esses três projetos em ação”, prevê o gerente de projetos de carbono da Plantar, Luiz Carlos Goulart.
Segundo o especialista, a expectativa é que o setor cresça muito nos próximos anos. “Esse mercado vai explodir depois de 2012, quando vence o prazo estabelecido pelo Protocolo de Kyoto para redução em até 5% da emissão dos gases poluentes. Hoje, cada tonelada de gás carbônico é vendida por US$ 3,50, mas pode alcançar US$ 5 nos próximos anos”, aposta Goulart.
Plantar – Tel.: (31) 3290-4000 e Banco Real – Tel.: (11) 3174-6768
Também nessa Edição :
Entrevista: Peter Roach
Entrevista: Ademar de Oliveira Marques
Notícia: Espaço Natura de Consumo Consciente
Notícia: Telejornal Inclusivo
Notícia: O que deu na mídia (edição 38)
Oferta de Trabalho: Procura-se (02/2007)
Deixe um comentário