Psicóloga paulistana ultrapassa barreiras e mostra como é possível viver bem, sim, sobre rodas
Obstáculos arquitetônicos e sociais nunca foram empecilhos para a cadeirante Tatiana Rolim. Vítima de acidente em 1995, aos 17 anos, ela não abandonou os sonhos e batalhou por vitórias. “Sempre fui muito determinada na vida, sempre sonhei muito em conquistar muitas coisas. Nunca desisti de nada”, diz. Desde cedo, ela buscou a independência financeira. Trabalhou como telefonista, recepcionista, acompanhante de cachorro aos finais de semana, atendente de lanchonete e modelo.
Sobre rodas, ela se formou em Psicologia, voltou a desfilar, foi eleita uma das condutoras da Tocha Olímpica, pela Comemoração dos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004, e tornou-se especialista em reabilitação de pessoas com deficiência. Segundo Rolim, as principais dificuldades encontradas na época eram as relacionadas à acessibilidade, como falta de transporte público e profissionais preparados para atender esse público. “Ter sonegado seu direito de ir e vir é um grande problema, foi e continua sendo. Hoje com menor impacto”, diz.
Quando voltou trabalhar, Tatiana partia de Franco da Rocha, município paulista, às 07 horas da manhã para o trabalho em Santo Amaro. Em seguida, seguia mais quase três horas de transporte coletivo até a Faculdade de Guarulhos. Concluiu o curso superior em 2001 e deixou sua marca registrada na faculdade, com a implantação de rampas, entre outras benfeitorias.
Mas o que era para ser uma dificuldade transformou-se em oportunidades. Para mostrar o universo das pessoas com deficiência, Tatiana lançou o livro ‘Meu andar sobre rodas’, obra autobiográfica, que já está na segunda edição. “O livro agrega a profissionais da Saúde e da Educação saberes relacionados ao tema da globalização inclusiva da contemporaneidade”, explica. A obra tornou-se peça de teatro numa universidade e segundo a autora já há contatos de cineastas para transformá-lo em filme.
A psicóloga garante que de 1995 para cá, o Brasil apresentou avanços na área de inclusão social, mas ainda é preciso muito trabalho para o país oferecer, de fato, oportunidades igualitárias para todos os cidadãos. “Já tenho alguns anos nessa caminhada, digo rodadas, por ser cadeirante. Vejo alguns avanços no seguimento social das pessoas com deficiências no nosso país. Sem dúvidas estamos evoluindo no cenário da inclusão, não somente no que se refere à pessoa com deficiência, mas também quanto aos menores infratores, ao trabalho infantil, ao recluso. Mas temos muito trabalho pela frente, principalmente para colocarmos em prática tudo o que já temos construído ao longo desses anos”, destaca.
Tatiana também tem especialização para atender mulheres e crianças vítimas de violência. Ela presta, ainda, consultoria em Recursos Humanos para empresas com interesse em contratar colaboradores com deficiência dentro da Lei das Cotas, com abordagens diversificadas.
E metas não faltam para o próximo ano. “O que falta no momento é associar responsabilidades sociais de possíveis apoiadores para lançar no mercado um produto pedagógico”. Trata-se da bonequinha Tati Rolim, que tem por meta abordar o tema da inclusão social com as crianças. “O projeto já tem marca e patente, mas precisa sair do papel e criar rodas”, completa.
Tatiana Rolim – E-mail: tatianarolim@yahoo.com.br
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