Dentista atende gratuitamente pessoas que vivem com Aids em consultório no Rio de Janeiro
A dentista Márcia Romañach é um exemplo de solidariedade. Diariamente, ela dedica mais de 15 horas ao trabalho, mas não ganha dinheiro com a profissão. Em troca pelo serviço prestado, ela conquista muitos amigos. São pacientes especiais. Em sua maioria, de baixa renda, soropositivos, com câncer ou portadores de outras doenças.
O envolvimento da cirurgiã-dentista com pessoas que vivem com Aids começou em 1988, quando ainda cursava especialização de radiologia oral na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela foi a única médica que não hesitou atender uma paciente com 20 anos de idade com fratura de mandíbula, decorrente de um acidente de trânsito, contaminada com o vírus HIV. Após esse episódio, não parou mais. O projeto, uma iniciativa pioneira no país, foi ampliado para crianças com câncer e pessoas com necessidades especiais.
Todo o trabalho é realizado no Instituto Mário Romañach, no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. A entidade, que leva o nome do tio e principal mantenedor, foi inaugurada em 2003. Lá, ela atende pacientes brasileiros, e outros vindos do Chile, Paraguai, Estados Unidos e de alguns países da Europa. E a regra é simples: quem pode pagar, ajuda aqueles que não podem e assim todos que buscam a instituição recebem o mesmo atendimento.
“Hoje realizamos cerca de 40 atendimentos diários em um espaço físico já otimizado e operamos no máximo da capacidade, contando com voluntários e profissionais da área da saúde. Além disso, promovemos a melhoria da qualidade de vida para esses pacientes, bem como, fornecemos apoio psicológico e social”, conta.
Guiada pela premissa de que “sorrir é um direito de todos”, Márcia não mede esforços para atender todos os pedidos e quer chegar a 4.000 atendimentos mensais. “Estamos em fase de expansão para melhor atendimento, tendo em vista a enorme demanda pelos serviços prestados. Mas para dar continuidade ao nosso trabalho, necessitamos de toda ajuda possível, pois temos a carência de produtos e equipamentos”, desabafa.
Os pacientes atendidos, quase sempre, apresentam seqüelas, inerentes às patologias, sendo as disfunções neuromotoras as mais comuns. Segundo ela, por serem de uma faixa populacional de baixa renda, o instituto muitas vezes encontra dificuldades para encaminhá-los a fisioterapia e/ou a terapia ocupacional. “O direito legítimo das pessoas portadoras do HIV continuarem a viver normalmente, deve ser exercido como um dever de cidadania, tanto na sociedade civil como no Estado. Infelizmente, a pior doença para quem tem Aids, é a doença social e cabe a todos nós erradicá-la”, completa.
O trabalho da dentista também é exemplo no que se refere à biossegurança. Os cuidados são redobrados para não colocar em risco os profissionais e os demais pacientes. “Muito antes de começar a preocupação com lixo hospitalar, nós colocávamos todo o lixo em latas de leite em pó e lacrávamos. Também elaborei e mandei fazer uma tubulação que leva o ar diretamente do consultório para fora do prédio”, explica. Os cuidados especiais também incluem capacetes, máscaras transparentes e filtrar a água por duas vezes.
Por seu trabalho social, Márcia foi indicada pelo Conselho Regional de Odontologia do Rio de Janeiro ao Prêmio Nobel da Paz de 2005. Também tem realizado palestras e ministrado cursos sobre atendimento a pacientes soropostivos e biossegurança em diversos estados.
Instituto Mario Romañach – Telefone: (21) 2587-9263 // 3234-4702
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