Projeto apoia iniciativas protagonizadas por mulheres em áreas valorizadas pela presença de UPP´s.
Estimular o empreendedorismo e contribuir para o desenvolvimento da economia solidária. Essas são as diretrizes do projeto “Mulheres em Rede, Tecendo Teias de Solidariedade e Conhecimento”. A ação, realizada nas comunidades Cantagalo, Pavão Pavãozinho e Borel, no Rio de Janeiro, apoia iniciativas protagonizadas por mulheres em áreas valorizadas pela presença de UPP´s (Unidade de Polícia Pacificadora) e que tiveram consequente aumento da especulação imobiliária. A ideia é criar possibilidades que viabilizem e fortaleçam estratégias para que elas permaneçam em suas comunidades.
Lançado oficialmente em setembro passado, o projeto conta com a participação de mais de 90 mulheres. A iniciativa desenvolve ações baseadas em três eixos: a capacitação com cursos, oficinas e encontros; a organização em rede, fundamental para que superem os problemas juntas e comercializem serviços e produtos; e a assessoria e acompanhamento dos empreendimentos in loco.
Entre as atividades desenvolvidas estão cursos de elaboração do plano de negócios, gestão administrativo-financeira e desenvolvimento de novos produtos; assessorias tanto na divulgação e criação da identidade visual dos mesmos, como no acompanhamento dos empreendimentos na área de gestão; encontros para troca de experiências e rodas de conversas e diálogos sobre temas como gênero e direitos humanos.
“As mulheres podem participar dos três eixos ou escolher os que mais se adequem as suas situações. O ideal é que estejam sempre na rede para viabilizar a troca, estimular intercâmbios que criem e fortaleçam os laços entre as mulheres e os empreendimentos que elas gerenciam”, descreveu Dayse Valença, um das fundadoras da Assessoria & Planejamento para o Desenvolvimento (Asplande), ONG responsável pela realização do projeto, em parceria com as cooperativas populares Corte & Arte (mulheres moradoras do Cantagalo, Pavão, Pavãozinho) e Arteiras da Tijuca (mulheres moradoras do Borel), e patrocínio da Petrobras.
Em apenas alguns meses de projeto, Lourdes Maria da Conceição, que tem um salão de beleza no Borel há sete anos, contabiliza resultados. Ela trabalhava com planilhas de papel, mas diz que depois do que aprendeu no projeto irá informatizar o controle de tudo. Destaca também que ganhou novas ideias para o seu marketing. “Tenho levado outras mulheres para participar do projeto. São pessoas produtivas que precisam apenas de um empurrão. E o Mulheres em Rede dá essa condição”, contou. “Ajudei a tirar muitas mulheres de situação de risco. Mas sempre tive vontade de ampliar o negócio e agora através do que tenho vivenciado no projeto sei como fazer”, completou.
Ediane Napoleão, moradora do Cantagalo, é uma das responsáveis pela mobilização das mulheres na comunidade. Segundo ela, ao ver as mulheres aprendendo, trocando experiências e conhecimentos, com novas perspectivas de vida, sente-se confiante, gratificada e estimulada. “Todos, da equipe da Asplande às mulheres da Rede, tem me incentivado a voltar a estudar, coisa que pretendo neste ano”. “É bonito ver mulheres que perderam seus pequenos negócios por não ter um planejamento e que tinham perdido a esperança depois disso, voltando a sonhar”, concluiu.
Já a italiana Rosa Ricucci, que há sete meses mora no Brasil, é do time dos facilitadores do projeto e ajudou no desenvolvimento de planos de negócios. Ela é formada em direito e economia, com mestrado em instituições públicas internacionais e já trabalhou um ano com mulheres empreendedoras no Peru.
Para ela, a metodologia de aprendizagem utilizada pela Asplande é muito interessante, pois parte do conhecimento que as mulheres já têm e os grupos, tanto o do Borel quanto o do Cantagalo, Pavão e Pavãozinho, são muito heterogêneos. “Há mulheres empreendedoras que tinham alguma ideia de planejamento e faziam suas anotações num caderninho, outras que não sabiam nada. Isso gerou uma ajuda mútua”, disse.
Junto com outro facilitador, o sociólogo Paulo Sergio Borges, Rosa passou conhecimentos de administração, economia, marketing e viu com elas os conceitos de missão e visão, dentro do curso de gestão administrativa e financeira. No final de dois meses, Rosa teve em mãos 60 – número de mulheres participantes – planos de negócios. “Posso dizer que como economista, fiquei muita satisfeita com o resultado. Mas o que eu destacaria como o resultado mais produtivo desse período de curso é que todas passaram a ter um autoconhecimento do seu negócio. Sabem dizer o que fazem, qual o seu público e onde querem chegar nos próximos cinco anos, planejando o futuro”, concluiu.
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