Festival internacional realizado em Belo Horizonte coloca no mesmo palco companhias do exterior e grupos formados por jovens carentes da região rural da capital mineira
O Fórum Internacional de Dança (FID), realizado de agosto a novembro deste ano em Belo Horizonte, deu bons exemplos de inclusão social. Em sua 11ª edição, o evento além de trazer espetáculos de companhias do Brasil e de várias partes do mundo a preços populares, também colocou no palco grupos artísticos formados por jovens de baixa renda da região rural e ofertou oficinas culturais e espetáculos inteiramente de graça para esse público.
Nesses quatro meses, 23 companhias de dança participaram do festival, contabilizando um total de 50 apresentações, 15 oficinas, 840 empregos diretos gerados e uma estimativa de público em torno de 15 mil pessoas. Entre os projetos sociais beneficiados, destaque para o grupo experimental de dança do projeto social do Grupo Corpo, o Corpo Cidadão, formado por jovens em risco social. Criado em 1998, a iniciativa atende cerca de 800 crianças e jovens, entre 6 e 21 anos, e durante o fórum teve a oportunidade de se apresentar na etapa de espetáculos nacionais e internacionais.
“Os meninos do Corpo Cidadão se apresentaram com as mesmas condições e em pé de igualdade com as companhias internacionais que recebemos”, explica a diretora de Planejamento e Comunicação do FID, Mônica Simões. Os jovens do projeto fizeram, ainda, uma oficina de Mecânica e Iluminação Cênica e, a partir daí, puderam atuar in loco na montagem de espetáculos. O interesse dos jovens foi tão grande, que acabaram sendo convidados pelo festival para estagiarem com a equipe de produção dos espetáculos “Vapor”, da Cia Musicanoar, de São Paulo; e “Plano Difuso + Tierra de Mandelbrot”, do argentino Edgardo Mercado. Ao todo, seis jovens realizaram o estágio com a equipe técnica do evento.
“É uma oportunidade quase imensurável para os meninos poderem participar e se envolverem em um projeto como o fórum. Além de se apresentarem, trabalhar na montagem proporciona a eles um conhecimento gigantesco. Eles ampliaram os horizontes, descobriram novas possibilidades e absorveram tudo de maneira impressionante. Acho que essa parceria aconteceu no momento certo, em que eles realmente estavam prontos para assimilar isso tudo”, conta a coordenadora dos grupos pré-profissionalizantes do Corpo Cidadão, Jackeline Gimenes.
Para os jovens envolvidos, foi uma chance de conhecer os bastidores dos espetáculos de dança e de aprender colocando a mão na massa. “Quando descobri minha paixão pela dança, percebi que, se queria mesmo dançar, teria que mudar meu jeito. A dança me transformou totalmente, e vem abrindo muitas portas pra mim. Hoje, além de bailarino, posso trabalhar com mecânica e iluminação porque estou aprendendo como funciona cada parte de um espetáculo”, explica Fábio da Silva Santos, de 18 anos.
Para Tiago Sabino Bispo, de 16, a dança também é um divisor de águas. “Sempre fui encrenqueiro e agressivo até perceber que dançar era a coisa mais importante do mundo pra mim. Por meio da dança, e do Corpo Cidadão, tenho aprendido muito, e tido a oportunidade de fazer oficinas que podem me ajudar no futuro. Trabalhar no fórum tem sido muito bom, porque podemos colocar em prática tudo o que aprendemos”, afirma.
O fórum também apoiou grupos de Hip Hop do Aglomerado da Serra, também na região rural de BH. Dentro do programa FID Território Minas, os grupos Fatal Black, Cia dos Anjos e Face se apresentaram no dia 25 de outubro no evento “Ação Hip Hop”. “Para nós foi uma experiência, sem igual. Porque não só aprendemos com todos esses artistas do fórum, mas também tivemos a oportunidade de mostrar a nossa dança”, conta a líder do Fatal Black, Sheyla Santana Bacelar, 20, que pratica a dança de rua há cinco anos.
Mônica Simões destaca, ainda, que o Fórum Internacional de Dança buscou retornar à sociedade o investimento que recebe por meio das Leis de Incentivo a Cultura. “Levar o FID para comunidades que, em sua maioria, nunca tiveram oportunidade de assistir a um espetáculo de dança e, ainda, poder capacitar essa comunidade por meio das oficinas culturais é gratificante. A gente vê o retorno no brilho dos olhos das pessoas. Por seu modelo ético e de inserção, o fórum tem como prática oferecer ingressos a preços muito abaixo do mercado, sempre R$ 2 (inteira) e R$ 1 (meia-entrada), tornando possível o acesso do público a espetáculos qualificados”.
Fórum Internacional de Dança (FID) – Telefone: (31) 3485-7875
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