A partir da premissa de que o desenvolvimento de uma comunidade vulnerável não pode ser uma ação unilateral, a Fundação Tide Setubal completa sete anos de intervenção social na zona leste da capital de São Paulo com vários motivos para comemorar. Os projetos implementados pela instituição em São Miguel Paulista são diversos e todos discutidos com a população local.
“Escutar e dialogar com a comunidade faz parte da metodologia de ação da Fundação Tide Setúbal”, destaca a coordenadora-geral da instituição, Paula Galeano, com exclusividade para o Responsabilidade Social.com.
Na entrevista, ela detalha como esse trabalho, que tem como diretriz uma forte articulação com as políticas públicas, é realizado. Ela também mostra como é fundamental a interação com o Estado, apresenta os desafios para os próximos anos e aponta quais projetos serão priorizados em 2013. Confira.
1) Responsabilidade Social – A Fundação Tide Setubal trabalha há sete anos em prol do desenvolvimento local de forma sustentável de São Miguel Paulista, na zona leste da cidade de São Paulo. Como é pautado trabalhado da instituição e quantas pessoas estão envolvidas nas atividades?
Paula Galeano – Atuamos em São Miguel Paulista com a missão de contribuir para promoção do desenvolvimento sustentável. Nosso trabalho tem como princípios a ação conjunta e a articulação dos diferentes atores sociais da localidade. Contribuir para o desenvolvimento de uma comunidade vulnerável não pode ser uma ação unilateral.
2) RS – Para definição da intervenção social, a instituição ouve a comunidade? Como foram desenvolvidos e instituídos os projetos em curso atualmente?
PG – Escutar e dialogar com a comunidade faz parte da metodologia de ação da Fundação Tide Setubal. Desde a chegada ao território, quando realizamos uma pesquisa em parceria com o Ibope para ouvir as os desejos da comunidade para a região, até o dia a dia dos projetos, que constroem e aprimoram sua forma de atuação por meio do diálogo com seus participantes, em um processo compartilhado.
3) RS – Como caminham as iniciativas da fundação e as do Estado? Como se dá a troca de informações?
PG – As iniciativas da Fundação Tide Setubal com o poder público se dão em duas esferas: por meio de parcerias na execução de políticas públicas e na articulação para espaços de diálogo e participação da comunidade.Somos responsáveis pela gestão do Clube Escola da Comunidade Tide Setubal, um equipamento da Secretaria Municipal de Esportes, no qual realizamos atividades referentes ao Programa Clube Escola, além de uma ampla programação cultural e também oficinas de artes.
Nesse espaço, há também um telecentro, parceria da fundação com a Secretaria Municipal de Participação e Parcerias. Além disso, coordenamos dois pontos de leitura, um no CDC Tide Setubal e um no Galpão de Cultura e Cidadania (outro espaço que conta com a gestão da Fundação Tide Setubal), em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura. Os dois Pontos de Leitura ampliam o acesso à leitura dos moradores da região.
A fundação apóia a articulação e a intermediação com o poder público nas demandas da comunidade. Um dos exemplos é o Fórum do Jardim Lapena, encontro realizado no Galpão de Cultura e Cidadania, que se tornou um espaço para o diálogo e para a formação e estímulo ao controle social. Recentemente, o fórum conquistou, junto ao poder público, a implantação do Programa Saúde da Família (PSF) e a construção de uma creche para a região.
4) RS – É possível haver desenvolvimento local sem a participação do Estado?
PG – Não. A Fundação Tide Setubal vê o poder público como um ator fundamental nas ações para o desenvolvimento local. O Estado forte tem a capacidade de convocar e de ampliar as ações bem sucedidas em políticas públicas. É também por meio do diálogo com os representantes do poder público que a comunidade pode exercitar sua participação cidadã. A fundação articula e estimula espaços de diálogo entre comunidade e poder público, fortalecendo a população para o controle social. É importante destacar que a comunidade precisa reconhecer a sua capacidade de agir, independentemente do Estado, pois o desenvolvimento não está colocado em um único ator.
5) RS – Qual o balanço da atuação da instituição entre 2005 e 2012? Quais os principais avanços foram observados neste ano?
PG – Há várias lições aprendidas na trajetória da Fundação Tide Setubal nesse período, que contribuíram para resultados no trabalho desenvolvido na região de São Miguel Paulista. Entre elas, podemos destacar: a importância da escuta e do respeito na construção de vínculos de confiança e como alicerce nesse percurso; o acompanhamento e o compromisso, como eixo de sustentação e participação da comunidade nos projetos e nas propostas para a região; a força da equipe na construção coletiva, a sistematização e o compartilhamento dos aprendizados, as parcerias e a ação articulada para ações políticas no território de São Miguel.
6) RS – Que resultados podem ser apresentados?
PG – Em 2012, os projetos desenvolvidos em parceria ganharam mais força entre as atividades de formação. As experiências construídas pela fundação ganharam novas formas e chegaram a mais pessoas com a atuação em parceria. O projeto Rede Jovem Comunica descobre, com as escolas públicas da região, caminhos para o uso da educomunicação em prol de temáticas de interesse das públicas onde acontece.
As vulnerabilidades de adolescentes e jovens são debatidas em espaços coletivos como o Fórum de Educação e Desenvolvimento Local e no Fórum de Violência da Região. O apoio às organizações locais, realizado pela fundação em seu edital anual, fortalece, por meio de capacitações, a atuação de grupos locais e amplia às ofertas de atendimento mais qualificado à comunidade. Jovens formados pelos projetos articulam e executam ações na localidade.
7) RS – O crescimento tímido da economia brasileira em 2012 interferiu de alguma forma nos investimentos sociais da instituição? A Fundação Tide Setubal está sólida financeiramente?
PG – Somos uma fundação familiar que conta com um fundo patrimonial que garante sua sustentabilidade a longo prazo.
8) RS – Quais as metas da fundação para 2013? Quais projetos serão priorizados?
PG – Nosso último planejamento estratégico, realizado no fim de 2011, está focado em ações para os próximos três anos. Os projetos têm como objetivo contribuir para a redução da vulnerabilidade sociais de adolescentes e jovens e para a ampliação da oferta e da efetividade das ações voltadas ao desenvolvimento do território, além de promover a valorização do patrimônio cultural.
9) RS – Fale dos desafios da instituição para os próximos anos.
PG – Uma de nossas metas é influenciar a formulação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento das periferias urbanas. Nesse sentido, temos estudado e aprimorado caminhos para avaliação e monitoramento dos resultados das ações da fundação. Esse processo é um dos grandes desafios institucionais.
10) RS – Qual o seu entendimento do termo ‘responsabilidade social’?
PG – Responsabilidade social é a percepção de que temos que agir pelo interesse público de forma coletiva.
Fundação Tide Setubal – Telefone: (11) 3168.3655
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