O programa Franchising de Baixo Carbono, uma iniciativa da Associação Franquia Sustentável (Afras) em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA) mostra que gerir uma empresa levando em conta aspectos socioambientais não é algo viável apenas para os grandes negócios. A ação, lançada no início de abril, teve como objetivo estimular e orientar redes de franquias a reduzir e compensar suas emissões de gases de efeito estufa.
O engenheiro agrônomo Rodrigo Junqueira, do ISA, especialista em ciência ambiental e sistemas alternativos de microfinanciamento rural, mostrou a metodologia para realizar inventário, redução e sequestro de CO2 na operação de franquias durante o primeiro Café Afras de 2010. O evento, promovido mensalmente pela entidade, procura sensibilizar e educar interessados em franchising em relação à responsabilidade corporativa.
No encontro, foram discutidos temas como o mercado de carbono e suas perspectivas, as vantagens competitivas que uma empresa obtém ao reduzir suas emissões, o valor agregado que a marca ganha com essa atitude, entre outros. O setor de franchising não possui a obrigação legal de reduzir suas emissões, mas a responsabilidade socioambiental tem sido cada vez mais exigida pela sociedade e a meta do programa é mostrar como torná-la possível também para os pequenos empreendimentos.
A Afras, braço de responsabilidade social da Associação Brasileira de Franchising (ABF), existe desde 2005 com o objetivo de fomentar a gestão responsável no setor. Em 2008, criou os indicadores ABF-Afras-Ethos de Responsabilidade Social Corporativa para o franchising em parceria com o Instituto Ethos de Responsabilidade Social e mais 13 marcas representativas da área no Brasil. Confira a seguir entrevista com Cláudio Tieghi, presidente da associação, que falou mais sobre a iniciativa.
1) A metodologia para reduzir as emissões de carbono nos pequenos negócios exposta no evento difere de metodologias aplicadas em negócios maiores?
Cláudio Tieghi – No geral, ela não difere de outras metodologias. Primeiro, é necessário inventariar e definir onde é possível reduzir as emissões de carbono, etapa fundamental do processo. Se uma parte não pode ser reduzida, trabalha-se então com a perspectiva de neutralização. Então o processo geral se passa basicamente nessas duas vertentes: redução e neutralização. O diferencial que podemos citar em relação à metodologia para o setor de franchising é o fato de o processo de reflexão socioambiental estar ligado diretamente ao desenvolvimento do negócio.
2) Qual a avaliação que se pode fazer do lançamento do programa franchising de baixo carbono e quais devem ser os próximos passos?
CT – No evento, foi apresentado um case já existente no franchising brasileiro e o que pudemos perceber é que as companhias estão muito interessadas em projetos adequados ao seu tamanho, apesar de ainda existir o receio em relação ao custo do processo. Além disso, essas empresas estão participando de forma voluntária, atitude positiva que chama muito a atenção. Também partiu desse evento a ideia da criação de um grupo formado por empresas para avançar com essa ação em conjunto.
3) Quais são os maiores desafios para reduzir as emissões no setor de franchising?
CT – Um dos grandes desafios para as empresas é fazer o inventário. Rever os processos de produtos ou serviços sob uma ótica de menos carbono é extremamente necessário para avaliar o que uma companhia está fazendo e onde pode melhorar. A coragem de se aprofundar e fazer uma investigação rigorosa e a apreensão num primeiro momento sobre o possível custo elevado do processo são duas questões de destaque. Porém, sempre buscamos mostrar como as empresas podem se beneficiar com a troca de experiências de trabalho e com uma visão de negócios responsável.
4) O senhor acredita que o setor deveria ter a obrigação legal de reduzir emissões?
CT – Não gosto de pensar que as ações devam acontecer devido a um movimento da lei. A ideia da Afras é trazer a conscientização e mobilização das companhias de forma espontânea e sempre vamos caminhar dessa maneira. Estamos na vanguarda de movimentos novos como o programa de franchising de baixo carbono e a criação do índice para setor e continuaremos nesse sentido.
Obviamente, haverá mais cobrança e consciência devido ao agravamento das mudanças climáticas, o que pode gerar políticas públicas de impacto para os pequenos negócios. Mas na minha visão, quando se elabora um procedimento legal é porque algo já está sendo feito dentro de determinado setor que indica a viabilidade da ação.
Entrevista originalmente publicada na revista Ideia Socioambiental.
Associação Franquia Sustentável – Telefone: (11) 3020-8830
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